Antes só que mal acompanhado? Dormir de conchinha tem um preço até mesmo para os animais; entenda
Estudo realizado pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Michigan revela que o sono é influenciado por interações sociais
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e publicado na terça-feira (26) revelou que dormir com um companheiro pode causar dificuldades no sono.
"As interações sociais influenciam profundamente o desenvolvimento, a fisiologia e o comportamento dos animais. No entanto, como o sono — um processo comportamental e neurofisiológico central — é modulado por interações sociais é pouco compreendido. Aqui, caracterizamos o comportamento do sono e a neurofisiologia em camundongos livres e que vivem em grupo sob diferentes condições sociais", explica os cientistas.
Ada Eban-Rothschild, professora assistente no Departamento de Psicologia da Universidade de Michigan, e colegas acompanharam o comportamento do sono de camundongos em um contexto social, através de dispositivos neurofisiológicos sem fio. Vários indivíduos foram registrados simultaneamente por 24 horas, juntamente com o monitoramento por vídeo.
Eles observaram que os roedores buscam contato físico antes do início do sono e se aconchegam durante, o que é impulsionado por uma motivação interna para contato físico prolongado, que denominaram "somatolonging". O estudo, publicado na Current Biology, destaca a forte necessidade de contato social em espécies, além dos humanos.
"Para determinar se o agrupamento durante o sono é um comportamento motivado, desenvolvemos um novo aparato comportamental permitindo que os camundongos escolham se desejam dormir em proximidade a um congênere ou em solidão, sob diferentes condições ambientais. Demonstramos que os camundongos estão dispostos a renunciar ao local preferido para dormir, mesmo sob condições termoneutras, para obter acesso ao contato social durante o sono", detalham os pesquisadores.
O ato de se aconchegar durante o sono não ocorre sem custos; os camundongos frequentemente perturbam o sono uns dos outros. Da mesma forma, em humanos, dormir junto nem sempre é positivo, e a insônia pode ser transmitida entre parceiros de cama. Por outro lado, indivíduos que dormem juntos mostram sincronização em várias medidas neurofisiológicas, o que inclui o momento do sono e despertar, além do sono de movimento rápido dos olhos.
"Revelamos coordenação em várias características neurofisiológicas entre indivíduos que compartilham o sono, incluindo o momento de adormecer e acordar e a intensidade do sono de movimento ocular não rápido (NREM). Notavelmente, o momento do sono de movimento rápido dos olhos (REM) foi sincronizado entre irmãos machos que compartilham o sono, mas não entre irmãs ou camundongos desconhecidos que compartilham o sono", definem.
Os pesquisadores acreditam que o estado interno de um indivíduo, como se sentir seguro, controla o grau de sincronização do sono. As descobertas fornecem novas percepções sobre a motivação para o contato físico e a extensão da plasticidade dependente de fatores sociais ao dormir, apesar de ainda não definirem a motivação que leva humanos e outros animais a escolher voluntariamente situações que podem comprometer o sono.