VIOLÊNCIA

Veja o que dizem restaurante, polícia e defesa de mulher agredida no Guaiamum Gigante

Homem identificado como Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá agrediu uma mulher de 34 anos, questionando seu gênero na saída de um banheiro

Boletim de Ocorrência foi realizado na Central de Plantões da Capital (Ceplanc); Delegacia de Casa Amarela está responsável por investigação - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Uma mulher de 34 anos foi agredida por um homem identificado como Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá, na noite do último sábado (23), ao sair do banheiro feminino do restaurante Guaiamum Gigante, situado no bairro do Parnamirim, na Zona Norte do Recife.

Antes da agressão, o homem teria perguntado à mulher qual era o seu gênero.

Abaixo, veja o que diz a polícia e a defesa da mulher, além do posicionamento do estabelecimento onde a agressão ocorreu.

O que diz a defesa da mulher
Após a agressão, ela foi submetida a um exame de corpo de delito e foi até a Central de Plantões da Capital (Ceplanc) para registrar um Boletim de Ocorrência. A mulher está sendo acompanhada pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A deputada estadual Dani Portela (Psol) é quem preside a comissão.

“Desde o primeiro momento estamos atuando neste caso. Dialogamos com o delegado e eles já tinham feito duas buscas, só no período da manhã, atrás do acusado. Ela prestou depoimento e a Polícia Civil está fazendo investigações para construir o inquérito. O delegado depois vai fazer um relatório e enviar ao Ministério Público, que já está ciente do caso, porque a presidente Dani Portela já entrou em contato e nós enviamos as informações que tínhamos”, diz a assessora da presidência da comissão, Juliana Serretti.

Protocolo Violeta
No mês passado, Recife se tornou a primeira cidade do Brasil a aderir ao “Protocolo Violeta”, uma lei municipal (número 19.061) criada com o intuito de enfrentar a importunação sexual e a violência de gênero em espaços de lazer noturnos, como bares, boates e restaurantes.

O documento foi baseado no “Protocolo No Callem”, de Barcelona, na Espanha, ferramenta que possibilitou a prisão do jogador brasileiro Daniel Alves por estupro.

As medidas previstas na lei, são: atenção à pessoa em situação de violência; respeito às decisões dessa pessoa; repreensão à atitude do agressor; distanciamento da pessoa em situação de violência; e garantia da privacidade e da presunção de inocência da pessoa em situação de violência.

O que diz o dono do Guaiamum Gigante
Proprietário do Guaiamum Gigante, local onde aconteceu a agressão no último fim de semana, Cristiano Falcão Neto utilizou como base a própria lei para afirmar que o estabelecimento cumpriu o seu papel diante do episódio, colocando Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá para fora.

“A Prefeitura do Recife tem o Protocolo Violenta e ele é bem claro ao dizer que o agressor deve ser afastado, ou colocado para fora do estabelecimento, para que não ocorra algo muito pior. Lá tem talheres, mesas, cadeiras e facas, são armas brancas que podem ser usadas para ferir. Imagina uma briga generalizada, poderia acontecer algo muito pior e alguém morrer”, diz.

Ele relembrou as ações iniciais e colocou as filmagens de segurança do Guaiamum Gigante à disposição das autoridades responsáveis por investigar o caso.

“Assim que aconteceu o fato, nossos colaboradores ligaram para a polícia. Na hora do acontecimento, tiramos ele e esperamos a polícia. O que estava dentro da nossoa capacidade, a gente fez. Estamos disponíveis. A equipe do técnico de filmagem já foi lá e está com tudo para dar às autoridades. Queremos que isso se resolva o mais rápido possível”, projeta.

O que diz a Polícia Civil
Procurada pela reportagem da Folha de Pernambuco, a Polícia Civil confirmou o registro do caso como “lesão corporal” e disse que a vítima “afirmou que estava em um bar, no bairro Parnamirim, e ao sair do banheiro um homem desconhecido a teria perguntado seu sexo. Ela informou que teria perguntado a ele o motivo da pergunta e o autor teria nesse momento desferido um soco em seu rosto, quebrando o óculos que usava e lhe causando lesões”.

A corporação complementou a nota afirmando que “investigações foram iniciadas e seguem até o total esclarecimento do ocorrido” e que “o caso está sendo apurado pela Delegacia de Casa Amarela”.

O que diz o Ministério Público
Procurado pela reportagem da Folha de Pernambuco, o Ministério Público não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.

O que diz o agressor
Até o momento, a reportagem não localizou Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá, nem sua defesa.