guerra no oriente médio

ONU pede a Israel o fim dos "homicídios ilegais" e da violência na Cisjordânia ocupada

Cerca de 300 palestinos, incluindo 79 crianças, morreram na região entre 7 de outubro e 27 de dezembro, segundo relatório das Nações Unidas

Fumaça em campo de refugiados palestinos de Jenin, durante confrontos com os militares israelenses na Cisjordânia - Zain Jaafar/AFP

Um relatório da ONU divulgado nesta quinta-feira (28) detalha a rápida deterioração da situação dos direitos humanos na Cisjordânia ocupada após 7 de outubro e pede que Israel coloque "fim nos homicídios ilegais" e na violência dos colonos contra a população palestina na região.

"O uso de táticas militares e de armas em contextos de aplicação da lei, o uso de uma força desnecessária e desproporcional e a aplicação de restrições à circulação amplas, arbitrárias e discriminatórias que afetam aos palestinos, são extremamente preocupantes", declarou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado. "A intensidade da violência e da repressão não é vista há anos."

O relatório pede o fim imediato do uso de armamentos e meios militares nas operações de manutenção da ordem, assim como o fim das prisões arbitrárias e dos maus-tratos aos palestinos. O texto também pede a suspensão das restrições à circulação de pessoas.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU indicou que entre 7 de outubro e 27 de dezembro, 300 palestinos, incluindo 79 crianças, morreram na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Desse total, "as forças de segurança israelenses mataram pelo menos 291 pessoas e os colonos, oito", segundo a fonte, que não conseguiu confirmar sobre a morte de uma das vítimas.

Antes dos ataques de 7 de outubro, militares israelenses já haviam matado 200 palestinos este ano.

O relatório, que abrangeu o período de 7 de outubro a 20 de novembro, descreveu um aumento acentuado dos ataques aéreos, bem como das incursões terrestres a campos de refugiados e outras áreas densamente povoadas na Cisjordânia, resultando na morte de pelo menos 105 palestinos — entre eles, 23 crianças —, além de ferimentos e danos extensos a objetos e infraestrutura civis.

As Forças de Segurança de Israel também prenderam mais de 4.700 palestinos, incluindo cerca de 40 jornalistas, na Cisjordânia ocupada, inclusive em Jerusalém Oriental, segundo o relatório. "Alguns foram despidos, vendados e mantidos presos por longas horas com algemas e com as pernas amarradas, enquanto os soldados israelenses pisavam em suas cabeças e costas, eram cuspidos, jogados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, submetidos à violência sexual e de gênero", descreve o documento.

Segundo a ONU, nas semanas que se seguiram ao dia 7 de outubro, também houve um aumento acentuado nos ataques de colonos, com uma média de seis incidentes por dia, como tiroteios, incêndio de casas e veículos e derrubada de árvores. Em muitos incidentes, os colonos estavam acompanhados pelas forças de segurança ou eles próprios estavam vestindo uniformes militares e portando rifles do Exército, segundo o relatório.

O Escritório de Direitos Humanos da ONU documentou vários incidentes de colonos atacando palestinos que colhiam suas azeitonas, inclusive com armas de fogo, e forçando-os a deixar suas terras, roubando suas colheitas e envenenando ou vandalizando suas oliveiras, privando muitos palestinos de uma fonte vital de renda.

"A desumanização dos palestinos que caracteriza muitas das ações dos colonos é muito perturbadora e deve cessar imediatamente", disse Türk. "As autoridades israelenses devem censurar e impedir com veemência a violência dos colonos e processar seus instigadores e perpetradores."

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, os bombardeios israelenses desde 7 de outubro deixaram 21.320 mortos na Faixa de Gaza, incluindo 6.300 mulheres e 8.800 crianças. Já em Israel, o ataque do Hamas causou a morte de cerca de 1.140 israelenses, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em informações divulgadas pelas autoridades do país. O movimento palestino também sequestrou quase 250 pessoas, das quais 129 continuam como reféns. (Com AFP)