Após prisões de sacerdotes, Papa diz ter "profunda preocupação" com situação na Nicarágua
Ativistas apontam que pelo menos 13 religiosos, incluindo um bispo, foram presos; relação entre Daniel Ortega e a Igreja é tensa desde 2018
O papa Francisco expressou nesta segunda-feira sua preocupação com a prisão de pelo menos 13 sacerdotes e dois seminaristas desde o dia 20 de dezembro na Nicarágua, onde o governo de Daniel Ortega tem uma relação tensa com a Igreja Católica.
— Sigo com uma profunda preocupação com o que está acontecendo na Nicarágua, onde bispos e sacerdotes foram privados de liberdade — disse o pontífice durante a tradicional oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano. — Expresso a eles, a suas famílias e a toda Igreja do país a minha solidariedade em oração. Também convido para orar todos vocês aqui presentes, e todo o povo de Deus, enquanto espero que se busque sempre o caminho do diálogo para superar as dificuldades.
Desde o dia 20 de novembro, ao menos 13 sacerdotes foram presos na Nicarágua, incluindo um bispo, de acordo com religiosos, ativistas dos direitos humanos, oposicionistas e veículos de imprensa comandados por exilados.
A relação entre a Igreja e Ortega se deteriorou durante os protestos de 2018, depois de o governo acusar os religiosos de apoiar os oposicionistas no movimento que, para o ditador, se tratou de um golpe de Estado.
Segundo dados da ONU, mais de 300 pessoas morreram. Uma investigação da advogada Martha Molina, especialistas em temas da Igreja nicaraguense e exilada nos Estados Unidos, aponta que desde 2018 houve 740 ataques contra a Igreja, e 176 sacerdotes e religiosos foram expulsos ou impedidos de regressar ao país.