Japão

Equipes de resgate enfrentam clima hostil para resgatar vítimas de terremoto no Japão; são 73 mortos

Primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, afirmou que a missão de resgate se trata de 'uma corrida contra o tempo'

Resgate no Japão - Jiji Press/AFP

Fortes chuvas, estradas bloqueadas e tremores de terra secundários dificultavam o trabalho das equipes de resgate do Japão, nesta quarta-feira (3), enquanto autoridades confirmaram que o número de mortos pelo terremoto que atingiu o país no 1º dia do ano subiu para 73.

Milhares de pessoas ainda estão sem fornecimento de água e energia, e regiões inteiras permanecem inacessíveis ao socorro, o que aumenta a preocupação sobre um possível aumento do número de vítimas.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, afirmou nesta quarta-feira que a missão de resgate se trata de "uma corrida contra o tempo”, dado o número de pessoas presas nos prédios que desabaram. Por toda a província de Ishikawa, na ilha principal de Honshu, sirenes soaram enquanto veículos de emergência tentavam percorrer estradas bloqueadas por pedras e árvores caídas.

"Já se passaram mais de 40 horas desde o desastre. Temos muitos relatos de pessoas que precisam ser resgatadas", declarou, após uma reunião de gestão de crise, acrescentando que o número de militares enviados para a área duplicou, assim como foi ampliado o destacamento de cães de resgate.

A Península de Noto foi a mais atingida pelo terremoto principal, de magnitude de 7,5, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos. Cidades portuárias como Wajima e Suzu ficaram com a aparência de zonas de guerra, com ruas cobertas de lama, casas destruídas e barcos afundados.

Em Suzu, o prefeito Masuhiro Izumiya, citado pela rede TBS, informou que cerca de 90% das casas foram totalmente, ou quase totalmente, destruídas, classificando a situação como "catastrófica". A estimativa do governo é de que 200 edifícios tenham caído com o tremor. Quase 34 mil casas permaneciam sem luz na região de Ishikawa, além de cerca de 115 mil casas sem água nesta área e em outras, indicou o governo.

"Nossas linhas vitais foram cortadas", disse Yuko Okuda, 30 anos, de um centro de evacuação na cidade de Anamizu, na costa de Suzu. "Eletricidade, água e gás: tudo. E como os tremores secundários continuam acontecendo, nossa casa pode desabar a qualquer momento".

Pequenos danos em usinas nucleares
Pequenos danos foram relatados em algumas usinas nucleares ao longo da costa do Mar do Japão após o terremoto principal e os mais de 400 tremores secundários, incluindo vazamentos de água usada para resfriar o combustível nuclear e um corte parcial de energia em uma usina.

O tema é particularmente sensível em um país ainda assombrado pelo enorme terremoto submarino de 2011, de magnitude 9, que desencadeou um tsunami que deixou cerca de 18.500 pessoas mortas ou desaparecidas e inundou a usina atômica de Fukushima, causando um dos piores desastres nucleares do mundo.

O Japão sofre centenas de terremotos todos os anos e a maioria não causa danos, com códigos de construção rígidos em vigor há mais de quatro décadas, mas os abalos atingiram a região de Noto com intensidade e frequência cada vez maiores nos últimos cinco anos.

O elevado número de tremores secundários é resultado dos "complexos" sistemas de falhas abaixo da península, disse à AFP Yoshihiro Ito, do Instituto de Pesquisa de Prevenção de Desastres da Universidade de Kyoto.

De acordo com operadores da central, não há perigo de danos ao ambiente ou às próprias centrais nucleares.