Cinema

"Wish: O Poder dos Desejos" estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas; confira a crítica

Animação fazo uma grande homenagem às tantas histórias contadas pelo estúdio ao longo de um século

"Wish: O Poder dos Desejos", nova animação da Disney, celebra o centenário do estúdio - Divulgação/Disney

A The Walt Disney Company completou 100 anos em 2023 e, para celebrar esse marco histórico, está lançando uma nova animação. “Wish: O Poder dos Desejos” estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas brasileiros, fazendo uma grande homenagem às tantas histórias contadas pelo estúdio ao longo de um século.

No filme dirigido por Chris Buck (“Frozen - Uma Aventura Congelante”) e Fawn Veerasunthorn (“Raya e O Último Dragão”), o público é transportado para o reino encantado de Rosas. O lugar é governado pelo Rei Magnífico, um monarca com poderes mágicos e grande carisma, mas que esconde intenções nada bondosas.

Neste lugar aparentemente sem problemas, as pessoas entregam - literalmente - seus desejos ao soberano. Ele os guarda em seu castelo e, de tempos em tempos, escolhe um para ser realizado. O que a população não sabe é que alguns desses sonhos são simplesmente ignorados pelo rei, que age segundo os seus próprios critérios.

Ao descobrir a verdade de Rosas, a jovem e sonhadora Asha decide colocar um fim na tirania de Magnífico, devolvendo os desejos aos seus verdadeiros donos. Para isso, ela contará com a ajuda dos seus amigos e, especialmente, de Estrela, uma esfera de energia que desce do céu ao ouvir o pedido da garota.

“Wish” é um prato cheio para quem cresceu assistindo às animações da Disney. As referências às produções da empresa estão presentes ao longo de todo o longa-metragem e alguns só os fãs mais atentos poderão notar. Estrela, por exemplo, é aquele corpo celeste que desenha um arco em cima do castelo no final da vinheta de abertura do estúdio. Já os amigos de Asha têm seus nomes, roupas e personalidades inspiradas nos sete anões de “Branca de Neve e Os Sete Anões” (1937), primeiro longa de animação da companhia norte-americana.

O novo filme aposta na nostalgia, trazendo de volta elementos dos tempos clássicos da Disney. Isso pode ser constatado logo na sua abertura, com o folhear das páginas de um livro. A trama em si remete a um conto de fadas, como os adaptados nas primeiras produções do estúdios. A própria animação se afasta um pouco da estética adotada pela empresa em suas últimas obras, apresentando um visual que lembra muito os tempos do 2D. Também está de volta a figura do vilão maquiavélico, que há algum tempo andava em falta nos títulos da casa.

Ao mesmo tempo em que prestigia o passado, a Disney não abre mão de algumas mudanças conquistadas com o passar do ano. A heroína de “Wish” em nada lembra as frágeis princesas do início, tendo uma personalidade bem mais próxima às das protagonistas independentes de “Frozen” (2013) e “Valente” (2012). Há muita representatividade no desenho, com personagens de diferentes etnias e corpos, incluindo pessoas com deficiência.

“Wish” traz uma história sensível e que pode suscitar diferentes interpretações. Do ponto de vista mais pessoal, é sobre não depositar seus anseios em nada e ninguém, usando seus próprios esforços para alcançá-los. É possível também fazer uma leitura política sobre o poder inebriante de figuras populistas ou, até mesmo, uma possível autocrítica em relação ao acúmulo de propriedades intelectuais pela Disney.

O longa pode até ser um belo tributo à Disney, mas é também uma das animações mais “esquecíveis” já produzidas por ela. A necessidade de inserir easter eggs na obra deu lugar à busca por originalidade na trama. O filme acaba sendo um bom divertimento ao longo de 1h35, mas dificilmente ficará marcado em nossas memórias, como estão outras produções do estúdio.