Aeronave da Guarda Costeira envolvida em colisão no Japão não estava autorizada a decolar
Transcrições do centro de controle contradizem versão do piloto da aeronave, que alegou ter recebido autorização para decolar; cinco pessoas morreram e 14 ficaram feridas
Uma investigação das autoridades japonesas com base em transcrições do centro de controle divulgada nesta quarta-feira apontou que o avião da Guarda Costeira que colidiu na terça-feira com uma aeronave da Japan Airlines no aeroporto de Haneda, em Tóquio, não estava autorizado a decolar. Ainda de acordo com as gravações, o voo comercial, por outro lado, havia recebido aval para aterrissar na pista de decolagem, onde a tragédia aconteceu.
Cinco pessoas que estavam a bordo do Bombardier Dash-8, da Guarda Costeira, morreram. Apenas o piloto sobreviveu, mas ficou gravemente ferido. A aeronave levava mantimentos a áreas atingidas pelo forte terremoto que abalou o país na segunda-feira.
Os 379 passageiros e tripulantes a bordo da Japan Airlines conseguiram ser retirados a tempo da aeronave ser consumida pelo fogo. Imagens e vídeos do momento da tragédia mostram as pessoas sendo evacuadas por meio de escorregadores infláveis. Cerca de 14 pessoas tiveram ferimentos leves, de acordo com a emissora japonesa NHK, citando autoridades do corpo de bombeiros.
De acordo com as autoridades, o voo da Japan Airlines havia sido liberado para pousar na pista 34R em Haneda, enquanto a aeronave da guarda costeira foi instruída a "taxiar até o ponto de espera C5" — local onde as aeronaves aguardam permissão para entrar na pista para decolagem. Os registros apontam que o avião recebeu o chamado para taxiar, mas esta foi a última transmissão antes do acidente.
O resultado da investigação contradiz a versão dada anteriormente pelo piloto do Bombardier Dash-8, que disse ter sido autorizado a entrar na pista.
Segundo a BBC, informações sugerem que as luzes na área de espera das aeronaves não estavam funcionando, mas fontes consultadas pela rede britânica afirmam que há outros elementos, como marcações pintadas na pista, que indicariam onde a aeronave deveria ficar antes de seguir em direção à pista.
Dezenas de voos foram cancelados, mas outras companhias aéreas locais operaram normalmente em Haneda, um dos aeroportos mais movimentados do mundo.
A Airbus, fabricante do avião da Japan Airlines, disse que enviaria uma equipe de especialistas para apoiar a investigação. A aeronave vinha do aeroporto que serve Sapporo, na ilha de Hokkaido, no norte.
Por sua vez, o avião da guarda-costeira preparava-se para voar até a província de Ishikawa para entregar mantimentos após o terremoto que deixou 62 mortos na segunda-feira. Ele era uma das quatro aeronaves prestando ajuda ao local.
O primeiro-ministro Fumio Kishida elogiou os tripulantes que morreram quando iam ajudar as vítimas do terremoto de magnitude 7,5.
“Eles eram funcionários com um alto senso de dever e responsabilidade para com as áreas afetadas”, disse Kishida.