Liderança evangélica

Lula planeja encontro com evangélicos em fevereiro, mas ainda não convidou pastores bolsonaristas

Ainda sem data marcada, reunião está sendo organizada por lideranças progressistas; líderes conservadores demonstram resistência

O pastor Silas Malafaia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - PR/Divulgação e Ricardo Stuckert/Divulgação

O governo Lula (PT) organiza, para o início de fevereiro, um encontro com líderes evangélicos. A iniciativa tem a digital de pastores progressistas que trabalharam junto ao petista nas eleições de 2022, mas já enfrenta críticas de lideranças vinculadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que chefiam grandes agremiações. Ao Globo, religiosos afirmaram que ainda não foram convidados para o encontro e, parte deles, ainda rechaçou a tentativa de aproximação costurada pelo Palácio do Planalto.

Um dos líderes envolvidos nesta articulação é o pastor Cesário Silva, que atualmente integra o Conselho de Participação Social, vinculado à Secretaria-Geral da Presidência. Em entrevista, o representante do Movimento dos Evangélicos Progressistas afirmou que o encontro não será restrito a aliados.

— Estamos tentando organizar direito, já que o presidente Lula já demonstrou que tem interesse. A ideia é trazer todas as lideranças, como o presidente fazia nos mandatos passados. Não vamos fazer só com os progressistas, será geral.

As lideranças ligadas a Bolsonaro, contudo, relatam desconhecimento sobre as tratativas. Nomes como Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo), apóstolo Estevam Hernandes Filho (fundador da Marcha Para Jesus) e o presidente da bancada evangélica no Congresso Nacional, Silas Câmara (Republicanos-AM) afirmam não terem sido convidados e dizem ainda não conhecer pastores que tenham recebido o aceno.

— Eu já conheço esse jogo do PT de dizer que vai fazer um grande evento com lideranças evangélicas, fizeram isso na campanha de 2022 e no final reuniram um monte de pastor de igreja pequena, sem relevância eleitoral alguma — disse Silas Malafaia.

Também da Assembleia de Deus, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) diz ter certeza de que não irá ser convidado.

— Te garanto que só irá comparecer lideranças com baixíssima expressão eleitoral. Pra mim, não houve convite e tenho certeza que não haverá. Já sabem da minha posição.

Já o fundador da Sara Nossa Terra, bispo Robson Rodovalho, não descarta a hipótese de comparecer ao evento, caso venha a ser convidado.

— Não me chegou nada, nenhuma informação ainda. A minha presença vai depender da natureza do evento, da característica, das demais pessoas que participarão e do tema que for ser tratado. Se for só "passar pano", não tem muito porque ir, mas se tiver um objetivo profundo e denso, a gente pode estudar — diz o líder religioso.