Arma de fogo e carga explosiva: ICMBio lança guia de eutanásia para baleias encalhadas; entenda
Procedimento é necessário devido ao e risco de contaminação ambiental para a população e para os animais que podem se alimentar dos mamíferos aquáticos mortos
O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável por implantar, gerir e proteger as unidades de conservação federais, lançou uma cartilha para diminuir o sofrimento de mamíferos aquáticos em procedimentos de eutanásia, prática de indução da morte do animal sem ocasionar sofrimento, quando não é possível realizar o resgate.
Entre as alternativas apresentadas pelo órgão estão desde o uso de métodos químicos com a aplicação de sedativos, tranquilizantes, anestésicos e relaxantes musculares e de métodos físicos, como o uso de armas de fogo, a implosão com o uso de carga explosiva logo atrás do orifício respiratório, no caso de baleias de grande porte, e a exsanguinação, que leva à morte pela indução de hipovolemia aguda (perda de sangue). Esse último só deve ser realizado se for precedido de anestesia geral do animal.
“Chamado Bem-Estar Animal: Guia Remab de Eutanásia de Cetáceos e Sirênios - Redução do Sofrimento Animal”, o documento foi elaborado pela Rede de Encalhes e Informação de Mamíferos Aquáticos do Brasil (Remab) do ICMBio e é direcionada para instituições, pesquisadores e profissionais que atuam no resgate de mamíferos aquáticos em todo o litoral do Brasil e na região Amazônica.
“A tomada de decisão sobre a prática de eutanásia em uma baleia, um golfinho ou sirênio deve ocorrer somente quando o procedimento é necessário para abreviar o sofrimento de um animal que está em condição irreversível. Quando o resgate não é possível e não há instalações disponíveis para reabilitação, a eutanásia pode ser uma opção”, diz a cartilha.
Segundo dados levantados pelo órgão, o Brasil abriga duas das quatro espécies de sirênios existentes no planeta (o peixe-boi-marinho e o peixe-boi-amazônico), cerca de 50 das 92 espécies de cetáceos (golfinhos, botos e baleias) existentes, além de sete espécies de pinípedes (focas, morsas, leões-marinhos e lobos-marinhos) que ocasionalmente podem ser encontrados em sofrimento nas praias brasileiras.
Apesar de indicar os procedimentos possíveis, o órgão alerta que eles só podem ser feitos por um médico-veterinário qualificado e com experiência. Outro critério é não oferecer riscos para a equipe que vai realizar o procedimento e conduzi-lo de maneira humanitária.
Após a realização do procedimento, é obrigatória a confirmação da morte do animal antes do descarte da carcaça ou do procedimento de necropsia. Como no Brasil não existe regulamentação legal que oriente o descarte de carcaças de mamíferos aquáticos adequadamente, principalmente os de grande porte, o guia recomenda o enterro na praia, em aterros sanitários, eliminação no mar, incineração e a compostagem.