Bancos chineses cortam classe executiva em voos e hotéis caros para cortar custos
Comissão Central de Inspeção Disciplinar da China disse, no ano passado, aos banqueiros para abandonar a pretensão de 'elite financeira', renunciando a seus estilos de vida 'hedonistas'
Bancos da China reduziram regalias em viagens, com a recomendação para que funcionários não voem em classe executiva e façam reservas em quartos de hotel mais baratos. As medidas têm como objetivo o controle de gastos em instituições financeiras já sob pressão para adotar operações mais frugais, devido à iniciativa de “prosperidade comum” do presidente Xi Jinping.
Bancos como o Industrial Bank disseram às equipes no fim do mês passado que executivos das filiais locais e os chefes das divisões nacionais deveriam reservar os assentos mais baratos possíveis nos trens e evitar a classe executiva em voos locais e internacionais, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
As verbas para alojamento nas grandes cidades do país foram reduzidas em pelo menos 10% ao dia, disseram as pessoas, que pediram anonimato. Outros bancos, incluindo o China Minsheng Banking Corp. e o China Citic Bank Corp, também endureceram as regras de gastos com viagens, disseram as pessoas.
As recentes medidas somam-se aos esforços de outras corretoras e bancos que buscam reduzir custos diante da pressão sobre as margens e dos sinais das autoridades chinesas para cortar despesas. A Comissão Central de Inspeção Disciplinar da China disse, no ano passado, aos banqueiros para abandonar a pretensão de “elite financeira”, renunciando a seus estilos de vida “hedonistas”, enquanto o Ministério das Finanças instou instituições financeiras estatais a melhorar medidas orçamentárias incluindo salários, e a reduzir custos.
Porta-vozes do Industrial Bank, China Minsheng e China Citic não responderam a pedidos de comentário.
A crescente pressão da China para que seus gigantes bancários apoiem empresas imobiliárias em dificuldades e veículos de financiamento de governos locais aumentou o turbilhão de problemas para o setor de US$ 57 trilhões.
As margens de juros líquidas dos bancos atingiram uma mínima histórica de 1,73% em setembro. Esse número está abaixo da marca de 1,8% vista como necessária para que o banco mantenha uma rentabilidade razoável. Entretanto, créditos duvidosos atingiram uma nova máxima, e o período de crescimento das receitas registrado desde 2017 por alguns dos maiores bancos estatais do país pode estar em vias de ser interrompido este ano.
Autoridades ofereceram certo alívio aos bancos, orientando-os a cortar as taxas de depósito e a reduzir o nível de reservas obrigatórias para aumentar a capacidade de empréstimo. Mas essas mudanças não serão suficientes para compensar o corte nas taxas de empréstimo e impedir uma queda nas margens, de acordo com a Fitch Ratings. A Bloomberg Intelligence espera que a compressão das margens se aprofunde em 2024 e pese nos lucros.