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Biden tenta impulsionar campanha para 2024 com Trump na mira

O candidato discursa sobre a ameaça que Donald Trump representa para a democracia

Montagem do ex-presidente americano Donald Trump e do presidente Joe Biden - Jim Watson e Dominick Reuters / AFP

Com um discurso endereçado à ameaça que Donald Trump representa para a democracia, Joe Biden tenta promover nesta sexta-feira (5) sua campanha para as eleições de novembro, três anos após o ataque ao Capitólio.

O democrata de 81 anos, que alterna nas pesquisas entre atrás ou empatado com Trump, discursará próximo a Valley Forge, na Pensilvânia, um local histórico da guerra de independência dos Estados Unidos, e insistirá que o provável rival republicano é uma ameaça para a nação.

O discurso foi antecipado em um dia devido à iminência de uma tempestade de inverno. Estava previsto para sábado, para coincidir com o terceiro aniversário do ataque ao Capitólio por apoiadores e simpatizantes de Trump, que pretendiam anular a vitória de Biden nas eleições de 2020.

O ataque ao Capitólio continua sendo um tema divisor nos Estados Unidos: um quarto dos americanos acredita, sem provas, que o FBI estava por trás, segundo uma pesquisa do Washington Post e da Universidade de Maryland publicada nesta semana.

Biden, que se intitula um defensor da democracia, continuará na segunda-feira (8) com seus esforços para impulsionar sua instável campanha, com uma visita a uma igreja na Carolina do Sul, onde um supremacista branco matou a tiros nove fiéis negros em 2015.

A chefe da campanha, Julie Chávez Rodríguez, avaliou que o discurso eleitoral que Biden fez há quatro anos continua relevante, no qual ele afirmava liderar uma "batalha pela alma dos Estados Unidos".

"A ameaça que Donald Trump representou em 2020 para a democracia americana só se agravou nos anos desde então", afirma em comunicado.

Os locais dos primeiros discursos de Biden em 2024 são simbólicos - especialmente o primeiro, perto de Valley Forge, onde George Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos, reuniu as forças militares que lutaram contra o império britânico há quase 250 anos.

"Escolhemos Valley Forge porque George Washington uniu as colônias" naquele local, disse o vice-diretor da campanha, Quentin Fulks.

"Depois, ele se tornou presidente e estabeleceu o precedente da transição pacífica do poder, algo que Donald Trump e os republicanos se recusaram a fazer", acrescentou.

"Terrível" 
Alguns democratas criticam Biden por demorar a iniciar sua campanha.

Apesar dos números favoráveis, Biden não conseguiu convencer os eleitores de que a economia está melhorando, e os americanos continuam reclamando dos preços dos alimentos e da moradia.

Há outros obstáculos, como a migração através da fronteira com o México, as divergências dentro de seu partido devido ao apoio à guerra de Israel contra o movimento islamista palestino Hamas ou o bloqueio no Congresso à sua solicitação de mais fundos para a Ucrânia.

As acusações criminais contra Trump, uma das armas mais poderosas contra o republicano bilionário de 77 anos, não foram mencionadas por Biden, para evitar parecer que está influenciando o poder judiciário.

No entanto, a maior vulnerabilidade de Biden seja, talvez, sua idade, especialmente após uma série de quedas e equívocos.

Trump aparece na frente de Biden em várias pesquisas, e a aprovação pública do presidente democrata é catastrófica.

"Se as eleições fossem realizadas amanhã, o presidente Biden perderia", disse à AFP o pesquisador da Brookings Institution, William Galston.

Apesar das primárias para escolha do candidato republicarem começarem apenas em 15 de janeiro e durarem meses, os discursos de Biden na Pensilvânia e na Carolina do Sul irão retratar a corrida presidencial como uma eleição direta entre ele e o ex-presidente.

Os democratas também atacam Trump em questões como o acesso ao aborto e a assistência médica.

Em sua primeira aparição na televisão, Biden alertou sobre uma ameaça "extremista" à democracia, com imagens do ataque ao Capitólio e música dramática.

"Foi algo terrível", disse na quinta-feira (4) a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, à imprensa. "O presidente continuará falando sobre isso", sinalizou.