Comerciantes de artesanato do Mercado de São José são transferidos para anexo provisório
Setor do mercado passa por obras, e o novo local tem capacidade para abrigar mais de 140 boxes
A partir desta segunda-feira (8), comerciantes de artesanato do Mercado de São José foram movidos para um anexo provisório, localizado na Rua da Praia, no bairro de São José, área central do Recife, por conta da primeira etapa de obras no equipamento. O novo local tem capacidade para abrigar mais de 140 boxes.
O objetivo da mudança é impactar diretamente cerca de 100 permissionários, sendo que 46 deles serão transferidos para o anexo. Outros 54 comerciantes optaram por receber um auxílio mensal no valor de R$ 3 mil enquanto durarem as obras. O horário do funcionamento do equipamento segue o dos mercados públicos: de segunda a sábado, das 6h às 18h e nos domingos e feriados das 6h às 13h.
"Nós faremos obras nas áreas de estrutura, ferragem e hidráulica do Mercado de São José. Também faremos banheiros mais modernos e que atendam às necessidades dos trabalhadores e usuários. No momento, o prazo para término desta primeira etapa, que envolve cerca de 50% da área total do equipamento, é de um ano", afirmou o diretor-presidente da Conviva Mercados e Feiras, Gabriel Leitão, responsável pela obra.
A requalificação do Mercado de São José visa garantir o restauro e a preservação do equipamento, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além da melhoria das instalações, o projeto tem como objetivo, segundo a gestão, "resguardar a memória e a história do Recife e reforçar sua importância como parte integrante do dia a dia dos recifenses, além de trazer mais investimentos e visibilidade como ponto turístico da cidade".
A execução do projeto está sendo dividida em etapas para que não haja interrupção do comércio local. As obras estão sendo realizadas pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), e devem contemplar todos os 403 boxes existentes. Além disso, a medida inclui a reforma dos banheiros, restauração dos elementos de ferro, vidro e madeira. O investimento é de R$ 22 milhões.
O equipamento ocupa uma área de 4,6 mil m² - dos quais 3,5 mil m² são cobertos -, dividida em dois pavilhões, além de um pátio externo. O projeto deve preservar a estrutura dos elementos do Mercado. Está prevista ainda a reorganização dos 403 boxes existentes, sendo 44 localizados na rua central, 178 localizados no pavilhão norte, 156 localizados no pavilhão sul e 25 localizados no espaço destinado às lanchonetes.
Impacto no comércio
Do lado dos comerciantes, segue a esperança para que o movimento dê certo. Uma das pessoas que passa "boas energias" para que os clientes venham ao novo local é Alana Barbosa, de 27 anos, que toca a loja de roupas Maria Bonita, comércio de 21 anos da sua família. "A gente torce para que dê certo, né? Eu acho que a mudança era necessária, até porque a estrutura do Mercado está bem deteriorada. Esse novo anexo tem uma boa estrutura e eu gostei do novo setor. Agora o que nos resta é esperar para que a mudança dê certo. Eu sou uma pessoa muito positiva, então estou na torcida", disse ela.
Outra pessoa presente no anexo provisório é Jefferson Torres, de 41 anos, dono da loja Messias ArtCouro. Ele trabalha no ponto há cinco anos, após o falecimento seu pai, que tocou o comércio por 40 anos no mercado de São José. Ele avalia a medida como positiva e, assim como Alana, espera a chegada dos clientes.
"É importante uma medida dessas para que a gente possa ter mais segurança. Tenho algumas ressalvas contra esse novo local, mais por conta de estrutura mesmo, mas era preciso fazer isso, então estou aqui. Eu acredito que quem faz um impacto, consegue trazer os clientes para si, não importa onde esteja. Então estou na espera pelos clientes, até porque tudo que é novo assusta um pouco de início", revelou.
História do Mercado de São José
Inaugurado em setembro de 1875, o Mercado de São José é o mais antigo do Brasil e tem arquitetura em ferro típica do século XIX. O espaço é um dos monumentos pernambucanos, reconhecido e tombado pelo Patrimônio Histórico. Sua estrutura metálica secular é também um marco na arquitetura local e faz parte do dia a dia de recifenses e turistas. O mercado destaca-se pela sua forte área de comércio de produtos de artesanato, alimentos, produtos religiosos, mercearias e depósitos.