BRASIL

Produção de veículos no Brasil encolheu 1,9% em 2023; importações da China cresceram 431%

Foram compradas 41 mil unidades do país asiático e participação chinesa no mercado de importados brasileiro subiu de 3% para 12%

Montadora Mercedes-Benz na fábrica de São Bernardo em São Paulo - Divulgação

No ano passado, as importações de veículos no Brasil totalizaram 351,9 mil unidades, uma alta de 29% em relação a 2022, quando foram comprados no exterior 273,4 mil unidades, segundo número divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras. A Argentina continuou sendo o principal país vendedor ao Brasil, com 219,9 mil unidades, crescimento de 11% em relação a 2022. Mas o que chamou a atenção nas importações foi o crescimento da China.

Foram importados 41.966 unidades do país asiático, incluindo carros a combustão, elétricos e híbridos, uma alta de 431% em relação a 2022. Esse número elevou a participação dos chineses a 12% do mercado de importados no país. No ano passado, a China teve participação de 3%, com 7,9 mil unidades. O México ficou em terceiro, com venda de 31 mil veículos ao Brasil, alta de 83% em relação ao ano passado.

— Perdemos produção com a redução das exportações e aumento das importações. O mercado passa por um ajuste quando se fala em novas tecnologias. Isso é natural — disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

O Brasil encerrou 2023 com uma queda de 1,9% na produção de veículos, segundo a Anfavea No total, foram fabricados 2,35 milhões de unidades, contra 2,37 milhões na comparação com 2022. Esse número inclui a fabricação de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

México desbancou Argentina
No caso das exportações, o México tomou da Argentina o principal destino dos veículos brasileiros. Foram exportados 135,7 mil unidades para o México, uma alta de 51% em relação a 2022. Para a Argentina, foram vendidos 114,5 mil veículos, queda de 16% em relação a 2022. O Brasil exportou no total 367,3 mil veículos, no ano passado, queda de 13%.

Para este ano, a entidade prevê que a produção chegue a 2,47 milhões de veículos e se esta previsão se confirmar será um crescimento de 6,2% em relação ao ano passado. Já as vendas em 2023 totalizaram 2,309 milhões de unidades, alta de 9,7% em relação a 2022. Para este ano, a expectativa da Anfavea é que os emplacamentos cheguem a 2,450 milhões de unidades, o que representaria um crescimento de 6,1% em relação ao ano passado.
 

— O crescimento de 9,7% nas vendas mostra que é um cenário concreto a possibilidade de o Brasil vender 3 milhões de veículos num ano. A expectativa com a redução dos juros é que se consiga voltar a esse patamar — disse Lima Leite.

Mover não é renúncia fiscal
O presidente da Anfavea elogiou o programa Mover programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação, mas acredita que ele ainda não deverá promover efeitos no mercado automotivo este ano. Ainda faltam regulamentações no programa, que devem começar a ser estabelecidas a partir de abril. mesmo assim, Lima leite afiorma que o Mover traz previsibilidade para a indústria automotiva nacional e deve destravar investimentos represados.

—É um programa que traz previsibilidade. Viabiliza investimentos que estavam represados. O movwer mostra quais as tecnologias que o país deseja no setor e prioriza pesquisa e desenvolvimento, além da descarbonização. Ele precisa ser aprovado pelo Congresso e é preciso que haja essa percepção de como o Mover pode contribuir para a indústria do país — disse o presidente da Anfavea.

Sobre críticas feitas ao Mover, que prevê incentivos às empresas do setor de cerca de R$ 19 bilhões em créditos até o final do programa em 2030, Lima Leite afirmou que fazer um programa de mobilidade e descarbonização tem custo.

— Não é dinheiro que está sendo dado às montadoras. São recursos que serão investidos. Todos os demais países investiram em programas como este. Não é renúncia fiscal, mas sim investimento de grande relevância — afirmou.