Diplomacia

Embaixador da Palestina diz que pediu a Lula apoio à ação que defende condenação de Israel na CIJ

O embaixador se reuniu com o presidente no Palácio do Planalto. Segundo ele, Lula "está estudando" o apoio

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, fala à imprensa, no Palácio do Planalto - Valter Campanato/Agência Brasil

O embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, pediu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma ação judicial da África do Sul que acusa o Estado de Israel de cometer crimes de genocídio contra o povo palestino. Segundo Alzeben disse a jornalistas, Lula disse que "irá estudar" o apoio. A queixa deve ser analisada pela Corte internacional de Justiça (CIJ), em Haia, nos dias 11 e 12. A CIJ é o mais alto órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU).

A conversa entre as autoridades aconteceu em encontro no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 10. Esta foi a segunda vez, desde novembro, que Lula e o diplomata palestino se encontraram.

— Solicitamos o apoio do Brasil a esta iniciativa da África do Sul, que tem como objetivo pôr fim ao genocídio contra o povo palestino e libertar, neste caso, tanto Israel quanto a Palestina e a população palestina. Ele (Lula) disse que eles estão estudando — afirmou Alzeben.

Na solicitação que será analisada, a África do Sul afirma que os "atos e omissões de Israel são de caráter genocida, pois são acompanhados da intenção específica requerida (...) de destruir os palestinos de Gaza como parte do grupo nacional, racial e étnico mais amplo dos palestinos". A ação, apresentada em 29 de dezembro, afirma ainda que os atos de Israel incluem "o assassinato de palestinos em Gaza, graves danos físicos e mentais e condições de vida que provavelmente levarão à sua destruição física".

A África do Sul pede ainda à corte que "estabeleça a responsabilidade de Israel por violações da Convenção sobre o Genocídio", e que "garanta a proteção urgente e mais completa possível aos palestinos".

— O Brasil está representado pelo senhor Juiz que está em Haia e a posição do Brasil está clara: é condenar qualquer genocídio sobre qualquer ser humano. Nós esperamos que o processo interrompa o genocídio — completou o embaixador palestino.

O juiz em questão é Leonardo Brant, eleito pela Assembleia-Geral da ONU em 2022.

No último domingo, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia emitiu nota de apoio à iniciativa sul-africana, afirmando que "valoriza a ação histórica empreendida pela República da África do Sul".

Já o Ministério dos Negócios de Israel, em resposta ao processo, culpou o Hamas pela morte de palestinos na Faixa de Gaza por usá-los como escudo humano. "Israel está fazendo todos os esforços para limitar os danos aos não envolvidos", diz comunicado.

O apoio da África do Sul à causa palestina não é novo. Com o início da guerra em Gaza, o país elevou o tom das críticas à operação militar, e em novembro o Congresso sul-africano votou pela suspensão dos laços diplomáticos com Israel, uma ação respondida com o retorno do embaixador israelense.