EUA

Argumentos finais no julgamento de Trump por fraude fiscal em NY

Trump e os seus dois filhos mais velhos são acusados de inflacionar de forma fraudulenta o valor das suas propriedades

Manifestante em frente ao tribunal durante julgamento da imunidade criminal do ex-presidente Donald Trump - Roberto Schmidt/AFP

A equipe jurídica de Donald Trump apresenta, nesta quinta-feira (11), os seus argumentos finais no julgamento por fraude fiscal em Nova York, depois que o juiz proibiu o ex-presidente de usar o fim do julgamento como palanque de campanha eleitoral.

O juiz de instrução do caso, Arthur Engoron, negou ontem ao ex-presidente republicano a permissão para que subisse no palanque para se defender, na ausência de um acordo com seus advogados para que os argumentos se limitassem exclusivamente ao caso e não se tornassem uma manifestação política.

O juiz havia instruído o ex-presidente a não "fazer um discurso de campanha" e "impugnar" o tribunal ou aqueles que nele trabalham, após os repetidos ataques do magnata contra o próprio juiz e sua secretária judicial, assim como contra a Promotoria.

Nesta mesma quinta-feira, a polícia precisou intervir após um alerta de bomba contra a casa do juiz em Long Island, segundo a imprensa, antes de concluir que se tratava de um alarme falso.

"O resultado foi negativo (…), a investigação continua", disse à AFP a polícia do condado de Nassau, que não especificou quem era o proprietário da casa.

Trump e os seus dois filhos mais velhos são acusados de inflacionar de forma fraudulenta o valor das suas propriedades.

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, solicita uma indenização de 370 milhões de dólares (1,8 bilhão de reais na cotação atual) ao magnata, além da proibição de fazer negócios no estado.

Longe de minar a sua popularidade, as inúmeras batalhes judiciais que enfrenta, que vão da difamação às tentativas de reverter os resultados eleitorais de 2020, Trump lidera com folga a disputa para se tornar o candidato republicano nas eleições de novembro.

"Interferência política" 
O republicano repete aos quatro ventos que é vítima de uma "caça às bruxas" que visa impedir o seu retorno à Casa Branca.

É "uma interferência política", afirmou Trump aos repórteres ao chegar ao tribunal. "É uma interferência eleitoral ao mais alto nível" e "um julgamento muito injusto", repetiu nesta quinta-feira, antes de entrar na sala da Suprema Corte de Nova York.

Mas para James, a procuradora de Nova York que pertence ao Partido Democrata, "os inúmeros esquemas enganosos que usou para inflacionar o valor dos ativos e ocultar fatos foram tão escandalosos que desmentem uma explicação inocente", declarou ela na última sexta-feira.

Entre outras irregularidades, a equipe de James alega que Trump avaliou Mar-a-Lago, o seu clube exclusivo na Flórida, utilizando "os preços de venda das casas vizinhas, embora soubesse que os preços de venda reais eram a comparação correta".

"De 2011 a 2015, os acusados acrescentaram um bônus de 30% porque a propriedade era uma 'instalação (comercial) concluída'", diz o documento.

O valor a pagar será determinado pelo juiz e revelado na sua decisão final, para a qual ainda não há data confirmada.

Como se trata de um processo civil e não criminal, nem Trump nem os seus co-acusados irão para a prisão.

Nas redes sociais, Trump insiste que o caso é uma "caça às bruxas" e que a Justiça está "decidida" contra ele "antes mesmo de começar" o julgamento. A procuradora é frequentemente chamada de "totalmente corrupta".

"Minhas contribuições financeiras são ótimas e muito conservadoras", diz ele. "Este caso nunca deveria ter sido apresentado".

Os advogados de Trump rejeitaram qualquer fraude e argumentam que as avaliações imobiliárias são subjetivas e que os bancos que emprestaram à sua organização não perderam dinheiro.

Outras batalhas jurídicas 
Trump não é obrigado a comparecer ao julgamento, mas o fez em diversas ocasiões ao longo de três meses, atraindo intensa cobertura midiática.

Em março, terá que voltar ao tribunal de Washington, sob acusações de conspiração para anular os resultados das eleições de 2020, e na Flórida, em maio, sob a acusação de gestão indevida de documentos governamentais altamente secretos.

O republicano, que foi alvo de dois julgamentos no Congresso para ser afastado da Presidência, também enfrenta acusações de crime organizado na Geórgia por supostamente conspirar para alterar os resultados eleitorais neste estado do sul, após a derrota em 2020 para o democrata Joe Biden.

Da mesma forma, Trump recorreu à Suprema Corte para tentar anular uma decisão judicial do Colorado, que o impede de concorrer às primárias naquele estado pelo seu papel nos ataques de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, realizados por seus apoiadores.