"Eu sei que você que ir, então vá, meu amor": entenda a menção de Lula à mulher de Lewandowski
Ex-magistrado vai precisar se desvincular de processos e cargos na iniciativa privada para assumir cadeira
Durante evento para anunciar Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) brincou que temia que a esposa do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) o dissuadisse de assumir o cargo e retornar à política. O casal é sócio em um escritório de advocacia no Distrito Federal.
— Eu tinha conversado com o ministro Lewandowski, e tinha feito uma proposta para ele, porque eu sabia das atividades privadas dele. Conheço a mulher dele, e achava que ela ia colocar dificuldade para ele, dizendo: "Meu amor, vamos viver nossa vida agora. Deixa para lá esse negócio de política". E graças a Deus a Yara teve a compreensão de falar para o Lewandowski: "Eu sei que você quer ir. Então vá, meu amor" — afirmou Lula.
Desde que se aposentou do STF, em abril passado, o magistrado retornou à atividade na iniciativa privada, de onde deverá se desvincular para poder assumir o cargo. A posse está prevista para o dia 1º de fevereiro. Lewandowski vai ocupar a cadeira deixada por Flávio Dino, que por sua vez vai ocupar a cadeira deixada com a aposentadoria de Rosa Weber, na Suprema Corte.
Ele e a esposa, Yara de Abreu Lewandowski, são sócios em um escritório de advocacia com endereço no Distrito Federal, e terá de abandonar os casos que acompanha. Nem o ministro nem os clientes comentam os valores que ele terá que deixar para trás, conforme noticiado pela colunista do Globo Malu Gaspar.
No entanto, apenas o contrato com a J&F já rendeu mais que R$ 1 milhão, conforme informado pela coluna em setembro de 2023. Foram ao menos R$ 800 mil por parecer favorável de holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista no processo contra a Papel Excellence, e outros R$ 250 mil mensais como consultor desde pelo menos maio passado, logo que deixou a Corte.
De acordo com a Lei de Conflito de Interesses, o magistrado precisa se desvincular dos cargos e processos por vedação à atuação de servidores públicos "ainda que informalmente, como procurador, consultor, assessor ou intermediário de interesses privados nos órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta de qualquer dos poderes da União”.