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Biden diz que "não hesitará" em agir contra houthis após ataques dos EUA e Reino Unido contra Iêmen

Ofensiva envolveu caças e mísseis Tomahawk e foi uma resposta aos ataques dos rebeldes iemenitas a embarcações no Mar Vermelho

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos - Mandel NGAN / AFP

Após os Estados Unidos e o Reino Unido lançarem, nesta quinta-feira, o primeiro ataque contra os rebeldes houthis no Iêmen, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que "não hesitará" caso mais ações sejam necessárias contra o grupo. A ação foi uma resposta às agressões da facção iemenita contra embarcações no Mar Vermelho, uma importante rota marítima por onde passam 12% do comércio global. Segundo a imprensa americana, a ofensiva envolveu caças e mísseis Tomahawk.

Segundo Biden, a operação desta quinta-feira contou com o apoio de Austrália, Bahrein, Canadá e Holanda. Em uma declaração conjunta, que inclui também os governos da Dinamarca, Alemanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul, a aliança afirmou que o objetivo "continua sendo desanuviar as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho".

"Mas que a nossa mensagem seja clara: não hesitaremos em defender vidas e proteger o livre fluxo de comércio numa das vias navegáveis mais críticas do mundo face a ameaças contínuas", acrescentou o documento.

De acordo com informações da rede americana CNN, os ataques atingiram mais de uma dúzia de alvos Houthi, incluindo sistemas de radar e locais de armazenamento e lançamento de drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro — como os que vinham sendo usados pelo grupo no Mar Vermelho.

Este é o primeiro ataque direto dos EUA contra os rebeldes houthis dentro do território iemenita desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro. O grupo, uma organização militar xiita, integra o "eixo de resistência" financiado pelo Irã no Oriente Médio. Apesar de não representarem o governo, eles têm avançado seu controle sob mais áreas do país em meio à guerra civil contra uma coalizão apoiada pela Arábia Saudita, rival histórico da República Islâmica, mas que retomou as relações diplomáticas com Teerã no ano passado por intermédio da China.
 

Em comunicado divulgado após os ataques, a Arábia Saudita disse que acompanha com "grande preocupação" as ações na região e pediu contenção das partes:

"O Reino da Arábia Saudita acompanha com grande preocupação as operações militares que decorrem na região do Mar Vermelho e os ataques aéreos contra uma série de locais na República do Iêmen", diz o comunicado, apelando à "autocontenção e evitando uma escalada".

Desde o início da guerra em Gaza, os houthis já lançaram diversos ataques contra embarcações no Mar Vermelho e contra alvos israelenses em apoio ao Hamas. Com isso, diversas empresas de navegação passaram a evitar a rota e dar a volta pelo continente africano, aumentando os custos de frete e seguro marítimo.

A ofensiva desta quinta-feira promovida pela coalizão Ocidental, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais no Mar Vermelho, ocorre num momento de forte tensão no Oriente Médio.

O líder dos Houthi, Abdul Malek al-Houthi, disse em discurso nesta quinta-feira que qualquer ataque americano ao Iêmen "não ficará sem resposta", ameaçando uma reação ainda maior do que a que está sendo promovida no Mar Vermelho.

Desde 2002, os EUA já lançaram cerca de 400 ataques aéreos no Iêmen, segundo o Conselho de Relações Exteriores do país. No entanto, o governo americano tem buscado evitar um conflito direto desde a crise em Gaza, temendo uma escalada regional. Na semana passada, o porta-voz do Conselho de Segurança dos EUA, John Kirby, disse que o país "não está a procura de um conflito com os houthis".

Em 3 de janeiro, os EUA e outros países aliados divulgaram uma declaração conjunta alertando os rebeldes que eles "arcarão com a responsabilidade das consequências caso continuem a ameaçar vidas, a economia global e o livre fluxo de comércio nas vias navegáveis críticas da região". Horas depois, os houthis lançaram um ataque com drones não tripulados contra rotas marítimas comerciais.