A 44ª edição da cerimônia Águas de Oxalá de Olinda leva tradição e emoção ao Sitío Histórico
A tradicional manifestação popular 'abre os caminhos' para o Carnaval de 2024
Tradição e emoção. A 44ª edição da cerimônia popular Águas de Oxalá de Olinda foi realizada neste domingo (14) com um cortejo por todo o Sítio Histórico, que teve concentração na Igreja do Bonfim, no Carmo. O movimento é promovido pelo terreiro Oxossi Ibualama e conta com o apoio da Prefeitura de Olinda.
O objetivo da celebração é 'abrir os caminhos' com o axé do orixá Oxalá, lavando as ruas com o desejo de um Carnaval de paz para todos os foliões que vão curtir a principal festa de rua do mundo. O tema da atual edição das Águas de Oxalá é "Nossa Raiz, Nossa Cor".
A Igreja de Nosso Senhor do Bonfim é o ponto de encontro dos Afoxés: o Ara Odé, Alafin Oyó, Oya Alaxé e o grupo Tambores de Ogum saíram em cortejo de pontos distintos da Cidade Alta.
Da Praça do Carmo saiu o Afoxé Alafin Oyó, enquanto o Oyá Alaxé começou o cortejo pela Ribeira e os Tambores de Ògún e o Ara Odé saíram do Alto da Sé. Também houve apresentações do grupo "Voz de Nagô, formado por mulheres negra, e da cantora Karinna Spinelly.
Um dos coordenadores das Águas de Oxalá, Anderson Nogueira, ressaltou que a cerimônia tem como missão valorizar a paz.
"Todos os anos é uma experiência maravilhosa. Fazemos um pacto com a sociedade e o público que vem para Olinda ser abençoado, que é uma cultura de paz. Precisamos, acima de tudo, que as pessoas tenham paz no coração e que tenham respeito sem importar a religião. Todos aqui são bem-vindos, abraçados e acolhidos", disse.
A produtora cultural Andrea Hunka é praticante do candomblé, mas foi pela primeira vez para as Águas de Oxalá de Olinda em 2024. Além de valorizar a mensagem do evento, ela frisou a união das religiões durante a cerimônia.
"O candomblé tem essa visão artística de que festa e o divino são coisas realmente sagradas. Tem também o sincretismo e a gente realmente precisa da união das religiões dentro desse mundo polarizado", comentou Hunka.
O ponto alto da concentração é quando o babalorixá Tata Raminho de Oxossi e o monsenhor Maurício se encontram para dar as bênçãos aos presentes. Esse momento simboliza o sincretismo religioso da festa, em que a igreja católica abre as portas para a festividade de matriz africana. O sacerdote católico, inclusive, realizou a Oração de São Francisco que também é conhecida como Oração da Paz.
Após a oração e as bençãos do Bonfim, celebradas pelo babalorixá Tata Raminho de Oxossi, houve a lavagem do adro da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Esse momento remete simbolicamente à purificação das ruas do Sítio Histórico de Olinda e das pessoas com o banho de cheiro e águas fluidificadas.
Ao final das Águas de Oxalá na concentração no Bonfim, um cortejo seguiu pelas principais ruas do Sítio Histórico em direção ao Terreiro Oxum Opará Oxóssi Ibualamo, localizado na Vila Popular.