Saúde, apoio no Congresso, proposta de Lira: defesa de Nísia engrossa lista de embates com o Centrão
De acordo com a deputada Gleisi Hoffmann (PR), a ministra da Saúde "está sendo alvo de intrigas" plantadas por "grupos políticos ávidos por abocanhar o ministério"
Em novo embate com o Centrão, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), saiu em defesa da ministra Nísia Trindade, após a titular da Saúde se tornar alvo de críticas por causa da liberação de verbas da pasta. De acordo com a petista, a ministra “está sendo alvo de intrigas” plantadas por “grupos políticos ávidos por abocanhar o ministério”. Apesar de terem assumido o comando de pastas na Esplanada, PP, Republicanos e União Brasil mantêm relação turbulenta com o governo, que não conseguiu montar uma base sólida no Congresso.
“Ela (Nísia) tornou mais ágil a transferência de verbas para estados e municípios, que aumentaram em quase R$ 5 bilhões no final do ano. Por trás disso (críticas), obviamente, estão grupos políticos ávidos por abocanhar o Ministério da Saúde. A ministra já mostrou sua competência e seu compromisso com nosso projeto de país. Tem toda solidariedade do PT”, escreveu Gleisi, sábado, no X, antigo Twitter.
A queda de braço entre Nísia e o Congresso ganhou um novo capítulo com a edição de uma portaria, em dezembro, que impôs, na visão de deputados e senadores, travas para a indicação de recursos extras oriundos do antigo orçamento secreto a estados e municípios.
No ano passado, a ministra já havia sido alvo do Centrão, em especial do PP, que queria assumir o comando da pasta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, fez uma defesa pública de Nísia e a manteve no cargo.
‘Forças fisiológicas’
Em dezembro, o PT aprovou um resolução política, em conferência eleitoral realizada pelo partido, com críticas diretas ao Centrão. “Vencemos numa campanha de frente ampla, para fazer um governo de coalizão, mas é inegável que nosso campo político permanece minoritário no Congresso Nacional. As forças conservadoras e fisiológicas do chamado Centrão, fortalecido pela absurda norma do orçamento impositivo num regime presidencialista, exercem influência desmedida sobre o Legislativo e o Executivo, atrasando, constrangendo e até tentando deformar a agenda política vitoriosa na eleição presidencial”, afirma o texto aprovado pela sigla do presidente Lula.
Nesse mesmo evento partidário, Gleisi alertou que o Congresso pode “engolir” Lula se a popularidade do presidente cair. O Centrão é decisivo para a aprovação de pautas de interesse do governo.
— Precisamos ter recursos, precisamos ter a parte do crescimento econômico como uma meta e um mantra nosso. Gente, se cair a popularidade do presidente Lula, vocês não têm dúvida sobre o que o Congresso Nacional pode fazer. Fizeram com Dilma (Rousseff). Se acontecer qualquer problema, esse Congresso engole a gente — afirmou a presidente do PT na ocasião, relacionando o desempenho da economia com a aprovação do governo.
No mês anterior, Gleisi já havia travado um embate com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), principal liderança do bloco partidário atualmente. Ela rebateu declaração de Lira e defendeu o direito de siglas pequenas acionarem o Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de ações diretas de inconstitucionalidade, as ADIs. Em discurso, o presidente da Câmara havia afirmado ser preciso “subir o sarrafo” de quem pode apresentar este tipo de ação na Corte.
“Uma coisa é estabelecer cláusulas para o funcionamento legislativo dos partidos, seu acesso aos fundos públicos e tempo de propaganda. Outra, bem diferente, é retroagir no direito de livre organização e representação, inclusive o direito, importante, de provocar a ação do STF. Não se confunde Centrão com Constituição!”, publicou Gleisi nas redes sociais.
Em evento do BTG Pactual, Lira havia dito que conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que seja apresentada uma proposta que reveja o direito de todos os partidos poderem fazer ADI's ao Supremo. Na visão do presidente da Câmara, apenas partidos que conseguem reunir 20% de apoio no Congresso deveriam ter esta prerrogativa.