contaminação

Ostras com narovírus: microbiologista revela os riscos de ingerir o alimento contaminado

FDA divulgou comunicados sobre a contaminação em diferentes estados do México; autoridades de saúde alertaram as pessoas para evitar comer os mariscos

Bactéria Vibrio vulnificus pode se encontradas em ostras cruas - Patou Ricard /Pixabay

Autoridades de saúde da Califórnia alertaram as pessoas para evitarem comer ostras cruas de partes do México depois que mais de 200 pessoas sentirem sintomas de doenças gastrointestinais.

O Departamento de Saúde Pública do condado de Los Angeles relatou mais de 150 casos suspeitos de norovírus, enquanto no condado de San Diego, as autoridades de saúde disseram na quinta-feira que tinham 69 casos confirmados e prováveis.

A Food and Drug Administration (FDA), conhecida como a agência regulatória dos EUA, emitiu dois comunicados sobre ostras contaminadas em diferentes estados mexicanos. O narovírus pode causar diarreia, vómitos, náuseas, dores de estômago, febre, dor de cabeça e dores no corpo.

As autoridades de saúde recomendam que os restaurantes deixem de fora quaisquer ostras importadas de locais no México até novo aviso. Eles também aconselharam as pessoas a perguntarem a procedência dos alimentos antes de consumi-las e a lavar as mãos e superfícies que possam ter entrado em contato com ostras contaminadas.

O histórico de intoxicação alimentar com ostras é antigo. Elas estão, inclusive, entre os alimentos que mais causam infecção nas pessoas. Como as ostras são filtradoras, elas podem concentrar germes, como Vibrio e norovírus, em seus tecidos. Também é possível contrair intoxicação alimentar ao comer qualquer marisco cru (amêijoas, mexilhões, búzios, berbigões), por isso a recomendação é só comer esses alimentos cozidos.

Outros alimentos que consta na lista de possível intoxicação são as saladas envoltas em sacos plásticos. A alface ensacada pode conter germes intoxicantes alimentares, como E. coli, Salmonella e Listeria. Elas costumam ser seguras se armazenadas refrigeradas e bem lavadas antes de ir para à mesa. O consumo também deve ser feito o mais rápido possível após a compra.

Intoxicação alimentar
Todos os anos, cerca de 600 milhões de pessoa tem intoxicação alimentar devido a contaminação por bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas e 420 mil morrem. Em artigo publicado no site The Conversation, a microbiologista, Primrose Freestone, professora de Microbiologia Clínica na Universidade de Leicester revela os cuidados que ela toma para evitar esse risco, incluindo o que onde não comer.

Comer ao ar livre
Freestone afirma que raramente come ao ar livre, pois o risco de intoxicação alimentar aumenta quando a comida é levada ao ar livre. Para começar, não é possível higienizar corretamente as mãos, já que é difícil encontrar água corrente e sabão em um parque ou na praia. Além disso, os alimentos tendem a atrair animais como moscas, vespas e formigas, que podem transferir germes, incluindo E. coli, Salmonella e Listeria, para a comida.

Manter os alimentos perecíveis frios e cobertos é essencial, pois o número de germes pode duplicar se os alimentos aquecerem até 30°C durante mais do que algumas horas.

Buffet
De acordo com o especialista, a intoxicação alimentar é um risco inevitável quando se come num buffet. Nos bufês, os germes se espalham quando os clientes falam, espirram ou tossem perto dos alimentos. Além disso, mesmo em ambientes fechados, deve-se considerar a contaminação por insetos, como moscas ou vespas, que se instalam nos alimentos descobertos.

Alimentos perecíveis se tornarão impróprios para consumo em duas horas se não forem mantidos cobertos e refrigerados e é difícil garantir que tudo foi feito seguindo essa regra.

Em buffets quentes, como os servidos no café da manhã de hotéis, a microbiologista recomenda evitar alimentos mornos, pois as bactérias que causam intoxicação alimentar podem crescer rapidamente quando os alimentos são mantidos a menos de 60°C.

Práticas culinárias seguras
Por fim, Freestone dá algumas dicas de práticas culinárias seguras, como verificar os prazos de validade de alimentos perecíveis, além de olhar a embalagem e a aparência e cheiro do alimento antes do consumo, mesmo que esteja dentro do prazo.

"Se a embalagem do alimento parecer inchada, ou quando aberta a comida parecer ou cheirar diferente do esperado, jogo-a no lixo, pois pode estar contaminada", recomenda.

Nunca use as mesmas tábuas de cortar para alimentos crus e cozidos, e lave as mãos antes e depois de manusear os alimentos. Também nunca reaqueça arroz cozido porque o arroz cru pode conter esporos de Bacillus cereus, um germe que causa intoxicação alimentar.

Embora as células do Bacillus sejam mortas pelo cozimento, os esporos sobrevivem. Se o arroz for deixado esfriar e ficar em temperatura ambiente, os esporos se transformarão em bactérias, cujo número aumentará rapidamente. O Bacillus cultivado em arroz pode produzir toxinas que, poucas horas após a ingestão, podem causar vômitos e diarreia que duram até 24 horas.