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Presidente das Filipinas é criticado após usar helicóptero para ir ao show do Coldplay: "Insulto"

Tráfego da capital Manila é considerado um dos mais lentos do mundo, levando a população a perder horas no deslocamento

Bongbong Marcos - Divulgação/Presidência da Filipinas

O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr, conhecido como Bongbong Marcos, causou revolta na população, na última sexta-feira. O motivo? A utilização de um helicóptero para ir ao show do Coldplay, no norte de Manila, para evitar o tráfego intenso da capital. A ação foi considerada um “insulto” por muitos filipinos, que precisam encarar diariamente o congestionamento na cidade.

Com um sistema de metrô subdesenvolvido, carros, jipes, ônibus, táxis e até triciclos acabam disputando um espaço nas estradas de Manila, fazendo com que as pessoas percam horas do dia no deslocamento. A região chegou a ser considerada uma das mais lentas do mundo, de acordo com o índice do Tráfego TomTom de 2023, citado pelo jornal The Guardian e a emissora CNN.

Em uma comparação entre 387 cidades em 55 países, a pesquisa concluiu que, em média, são necessários 25 minutos e 30 segundos para percorrer apenas 10 km na região. Mais da metade de suas estradas (52%) costumam ficar congestionadas.

Frente ao quadro, muitos criticaram o paradoxo do presidente — que dirigiu-se à Arena Filipina em Bulacan, no norte da capital, com a esposa, Liza Araneta-Marcos, e sua comitiva — quanto a escolha do veículo para assistir ao concerto da banda britânica, quando ele poderia investir no desenvolvimento dos transportes públicos do país e principalmente da capital para aliviar o tráfego.

Em resposta, o Grupo de Segurança Presidencial, citado pelo The Guardian, afirmou que o local do evento “experimentou um fluxo sem precedentes de 40 mil pessoas”, o que teria resultado em “complicações imprevistas do trânsito ao longo do percurso”. O comunicado concluiu alegando que a situação representava “uma ameaça potencial à segurança” do presidente.

Muitos, contudo, não aceitaram a explicação. O ativista Renato Reyes, também citado pelo jornal britânico, disse que a decisão do presidente era “um grave insulto a milhões de passageiros filipinos”, uma vez que a população enfrenta “uma crise debilitante nos transportes públicos, que causa um trânsito terrível e viagens que são um pesadelo”.

No país, em contraste com a rotina da população, não é incomum que políticos, executivos e até seus familiares transitem pela região usando helicópteros ou aviões particulares, pontuou a CNN.

"Número um do mundo"
O trânsito intenso foi mencionado até pelo cantor da banda, Chris Martin, que agradeceu aos fãs por “enfrentarem o trânsito” para irem ao show. Em vídeos que circulam pelas redes sociais, o vocalista brinca com a plateia:

"Vimos alguns congestionamentos, mas acho que vocês têm o número um do mundo."

No show que ocorreu na noite seguinte, no sábado, Martin dedicou uma música improvisada ao tráfego intenso: “There is only really one thing that remains. The traffic here in Manila is completely insane.” (Só há uma coisa que permanece, o tráfego aqui é Manila é completamente insano, em tradução livre). O vocalista continuou:

“Se você quiser dirigir para algum lugar, então devo alertar. Uma viagem de três quilômetros levará uma ou duas semanas. Se você quiser voltar para casa a tempo de tomar um banho, bem, eu consideraria cerca de um ano e meio”, disse enquanto fãs aplaudiram em concordância.

Muitos internautas também salientaram o contraste entre os esforços do Coldplay e o uso do helicóptero pelo presidente. Segundo o site da banda britânica, citado pelo The Guardian, a equipe vem utilizando energia renovável para alimentar o show e a substituição de carros movidos a combustível fóssil por carros elétricos e automóveis movidos a combustíveis alternativos, quando possível.

Após a repercussão, o secretário de Transportes, Jaime Bautista, disse em um comunicado, divulgado na sexta-feira, que estão sendo realizados projetos de infraestrutura para melhorar o transporte rodoviário a fim de “melhorar a experiência do passageiro”. Bautista, citado pela CNN, acrescentou que a pasta irá “acelerar os projetos”, que contarão com parcerias privadas.