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Mercadante nega a volta da política de campeões nacionais com o plano para a indústria

Presidente do BNDES diz que nova política industrial editais públicos e transparentes com "rigor nas garantias"

Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante - Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, negou que a nova política industrial lançada nesta segunda-feira pelo governo Lula represente a volta da política de "campeões nacionais" que vigorou principalmente durante do governo Dilma Rousseff. Por essa política, o governo concedia crédito subsidiado a empresas para que elas "liderassem" o desenvolvimento do país. Mercadante diz que o banco não vai escolher parceiros.

- As consultas ao banco já cresceram 88%. A gente trabalha por demanda, não escolhe parceiro. Estamos recebendo os projetos, e a aprovação cresceu 32%. Tudo feito com transparência e seriedade. O BNDES é a instituição pública mais transparente do Brasil - afirmou.

Segundo o economista, apesar de a política de campeões nacionais não ter dado certo, o BNDES não teve prejuízo com as operações.

- Algumas empresas que foram priorizadas não deram certo, como a OI, que a gente tinha R$ 4 bilhões. Mas não perdemos nada, porque tínhamos fiança. O BNDES também perdeu zero com o caso das Americanas, porque tudo foi feito com prudência. Tinha também dinheiro na Light, e o banco perdeu zero - afirmou.

Na visão do presidente do BNDES, o governo Lula segue uma tendência mundial de maior participação do Estado na economia, para que a transição energética seja acelerada. O risco, nesse caso, é que o país fique para trás caso dependa apenas da iniciativa privada. Ele lembrou que o próprio presidente americano, Joe Biden, apresentou um plano que chega ao trilhão de dólares, e tem atraído até empresas brasileiras para o país.

Mercadante explicou que dos R$ 300 bilhões previstos pelo programa, R$ 271 bilhões são financiamentos, R$ 21 bilhões são créditos não reembolsáveis e R$ 8 bilhões em aportes diretos nas empresas, para compra de ações.

- O equity (compra de ações) é casamento, financiamento é namoro. Esse dinheiro será usado para setores muito importantes, como de minerais críticos para bateriais elétricas. Temos que ter controle estratégico de alguns segmentos. Nesse caso, queremos ser sócios, mas tudo com edital e transparência - afirmou.