Tragédia nos Andes: por que urina dos sobreviventes ficou preta?
Vários fatores podem alterar a cor da urina, desde problemas graves de saúde até mudanças na alimentação
O filme "A Sociedade da Neve", da Netflix, vem chamando a atenção dos espectadores por uma série de fatores. Primeiro, por contar a história real de um acidente de avião nos Andes que obrigou os passageiros — um grupo de atletas uruguaios — a comerem carne humana para sobreviver ao longo dos 72 dias em que esperaram por socorro. O longa é um sucesso de audiência na plataforma de streaming.
Outra parte que atraiu a atenção de quem assiste foi o momento em que um dos sobreviventes observa que sua urina está preta e entra em desespero.
A cor escura da urina pode sinalizar uma série de problemas, desde doenças até uso de remédios e mudança na alimentação. O líquido é composto por 95% de água, 2% de sais e 3% de ureia. A principal função do nosso sistema renal é eliminar os resíduos que circulam no sangue. Se esse trabalho não for realizado de forma adequada, as toxinas se acumulam no corpo, podendo gerar graves problemas de saúde. Em condições normais, a urina deve ser amarela e clara. Qualquer fator que mude altere a composição do xixi faz com que sua cor e cheiro mudem.
Provavelmente, a causa da urina preta dos sobreviventes do acidente de avião nos Andes foi uma desidratação severa. Assim como não havia comida, o que fez eles precisarem comer os corpos de quem morreu no acidente, a água também era escassa. O líquido que conseguiam ingerir era derivado do derretimento da neve, mas era insuficiente para hidratar o corpo, que enfrentava temperaturas extremas.
Pouca ingesta de água por vários dias causa um quadro de desidratação severa. Além da urina escurecida, um quadro de desidratação também apresenta outros sintomas como sede extrema, boca seca, fadiga e tontura.
Outra possível causa para o escurecimento da urina do sobrevivente é a rabdomiólise, uma ruptura generalizada do tecido muscular causada por trauma, esforço excessivo ou frio excessivo, segundo um artigo publicado por José Miguel Robles Romero, professor doutor da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Huelva, na Espanha, no site The Conversation. "Essa fratura libera uma proteína chamada mioglobina na corrente sanguínea. Quando sua concentração aumenta no sangue, começa a ser expelida pela urina, o que proporciona a cor preocupante", escreveu o especialista.