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Agência da ONU despede funcionários supostamente envolvidos no ataque de 7 de outubro contra Israel

Israel acusa membros da organização de terem colaborado com o Hamas para facilitar a operação

Enterro dos cinco membros da família Kutz, mortos no ataque do Hamas em 7 de outubro - Oren Ziv/AFP

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, em inglês) anunciou, nesta sexta-feira, que demitiu "vários" funcionários acusados por Israel de estarem envolvidos na incursão mortal lançada em 7 de outubro por comandos islamistas no sul do país. Devido às alegações, os Estados Unidos suspenderam o financiamento à UNRWA.

"As autoridades israelenses comunicaram à UNRWA informações sobre o envolvimento de vários dos seus funcionários" naquela operação de comando, disse o chefe da agência da ONU, Philippe Lazzarini, em comunicado. "Decidi rescindir os contratos destes funcionários com efeito imediato e iniciar uma investigação para apurar a verdade sem demora", acrescentou.

A UNRWA reiterou sua "condenação nos termos mais fortes" dos ataques de 7 de outubro e pediu a libertação "imediata e sem condições" dos reféns mantidos em Gaza. A agência calculou que "mais de 2 milhões de pessoas em Gaza dependem da ajuda vital que a agência proporciona desde o início da guerra".

Já o Departamento de Estado americano disse estar "extremamente preocupado" com as suspeitas em relação à agência e "suspendeu temporariamente o financiamento adicional (...) enquanto examina estas acusações e as medidas que as Nações Unidas estão tomando para enfrentá-las".

Corte de financiamento dos EUA
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, conversou na quinta-feira com o responsável máximo da ONU, António Guterres, "para destacar a necessidade de uma investigação completa e rápida sobre este assunto", diz o comunicado, insistindo em que quem "participou dos ataques atrozes" deve ser responsabilizado.

"A UNRWA desempenha um papel fundamental na prestação de assistência vital aos palestinos, incluindo alimentos essenciais, medicamentos, abrigo e outro apoio humanitário vital", afirma a declaração.

"O seu trabalho salvou vidas, e é importante que a UNRWA aborde estas acusações e tome todas as medidas corretivas adequadas, incluindo a revisão das suas políticas e procedimentos existentes", acrescenta.

O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, anunciou que alguns dos seus funcionários "foram demitidos" e foi aberta uma investigação "para estabelecer a verdade sem demora".

7 de outubro
Em 7 de outubro de 2023, centenas de combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel, atacando postos militares, kibutz (colônias agrícolas) e um festival de música, resultando na morte de 1.200 pessoas, a maioria delas civis, e fazendo cerca de 240 pessoas como reféns, no pior ato de violência contra o Estado judeu desde sua formação, em 1948. Segundo estimativas da rede americana CNN, dos 132 reféns ainda em cativeiro, 107 estão vivos.

Na última segunda-feira, o Hamas escreveu uma carta, dizendo que a incursão foi um "passo necessário e uma resposta normal a todas as conspirações israelenses contra a população palestina", mas que o "caos" levou a "falhas" na ação surpresa.

"Talvez algumas falhas ocorreram durante a implementação da Operação Tempestade Al-Aqsa devido ao rápido colapso do sistema militar e de segurança israelense e ao caos causado ao longo das áreas de fronteira com Gaza", disse o grupo em um documento de 16 páginas em árabe e inglês, marcando seu primeiro relato público sobre o ataque.

"Se, em algum caso, civis viraram alvo, ocorreu acidentalmente e no transcurso do enfrentamento com as forças de ocupação", afirmou o movimento no documento. "Muitos israelenses morreram nas mãos do Exército israelense e da polícia devido à confusão", alegou, em referência a relatos não comprovados de que a resposta israelense acabou causando a morte de parte das vítimas.

No documento, o movimento islâmico também afirmou rejeitar "categoricamente todo projeto internacional ou israelense" para o futuro de Gaza, território que controla desde 2007, considerando que o "povo palestino tem a capacidade de decidir seu futuro e gerenciar seus assuntos internos".

Também exigiu a "cessação imediata da agressão israelense em Gaza, dos crimes e da limpeza étnica". Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, vinculado ao Hamas, a campanha aérea e terrestre de Israel deixou mais de 25 mil mortos, em sua maioria mulheres e menores, desde outubro. Por outro lado, a campanha custou a Israel mais de 200 soldados até agora.