POLÍCIA FEDERA

Governo tira cargos de confiança de dois investigados no caso Abin

Carlos Afonso Coelho e Marcelo Bormevet são delegados de carreira da PF e foram afastados após decisão do ministro Alexandre de Moraes

Agência Brasileira de Inteligência (Abin) - Antonio Cruz/Agência Brasil

 

O governo tirou cargos de confiança de dois servidores alvos da investigação da Polícia Federal (PF) que apura se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada durante o governo de Jair Bolsonaro para atender interesses do ex-presidente e até investigar clandestinamente autoridades da República. Ambos são delegados da Polícia Federal e ocupavam cargos de confiança no governo Lula.

Carlos Afonso Coelho foi um dos dispensados do cargo de confiança. Ele era coordenador do comando de aviação da corporação. Além dele, o assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil Marcelo Bormevet também foi dispensado do cargo. Os dois são servidores de carreira.

As dispensas foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (26) e atendem uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes ordenou o afastamento dos investigados de suas funções públicas.

Bromevet disse que o que ele tem a declarar, será declarado à Justiça. Afonso Coelho não respondeu aos contatos da reportagem.

O inquérito foi aberto após reportagem do Globo revelar o uso de um programa secreto para vigiar brasileiros. O sistema FirstMile era usado para identificar a localização de pessoas com base em dados de celular. Em nota, a Abin diz que colabora com as investigações.

Ramagem nega
O deputado federal Alexandre Ramagem, que comandou a Abin durante o governo Bolsonaro, foi um dos alvos da operação da PF nesta quinta-feira.

Ele negou a existência da estrutura de uma “Abin paralela” sob a sua gestão, usada com “viés político” para investigar autoridades, como apontou a Polícia Federal na investigação. Segundo ele, o sistema FirstMile foi adquirido pela Abin no governo do ex-presidente Michel Temer e era usado por servidores da agência.

— Isso não é Abin paralela, é Abin real — disse em entrevista à GloboNews.

O deputado sinalizou que mesmo como diretor da agência, não tinha controle completo sobre o órgão. O ex-diretor do órgão de inteligência ressaltou que nunca pediu formalmente ou informalmente para que departamentos utilizassem o programa FirstMile.

— A direção-geral tem mecanismos para fazer plano de operação e dizer qual tecnologia se trabalha. Nenhum plano de operação meu colocava o FirstMile — disse.