Júri ordena que Trump pague US$ 83 milhões de indenização em caso de difamação de escritora
Em 2019, Carroll publicou, em um livro de memórias, a acusação de que Trump a havia estuprado em uma loja de luxo de Nova York
O ex-presidente Donald Trump será obrigado a pagar US$ 83 milhões de indenização à escritora E. Jean Carroll, num processo de difamação depois que ela o acusou publicamente de estuprá-la em uma loja de departamentos na década de 1990.
Antes das primárias republicanas de New Hampshire nesta semana, Trump, que é favorito para a indicação do partido na corrida eleitoral, alternou entre comparecimentos ao tribunal de Nova York e paradas de campanha, retratando-se como vítima de uma conspiração política enquanto busca outro mandato na Casa Branca.
Em 2019, Carroll publicou, em um livro de memórias, a acusação de que Trump a havia estuprado em uma loja de luxo de Nova York, em algum momento entre 1995 e 1996. Na ocasião, Trump chamou a Carroll de "doente mental", e incitou seus apoiadores contra ela. Em maio do ano passado, em um outro caso civil, um júri considerou o ex-presidente culpado por abuso sexual, e ainda o condenou por comentários difamatórios feitos à vítima.
Em setembro do ano passado, um juiz validou um segundo processo de difamação — é esse caso que está sendo julgado agora, e que determinará de quanto será a nova indenização. A defesa de Carroll pede US$ 10 milhões.
O processo civil em Nova York é apenas uma pequena parte dos muitos problemas que o provável candidato republicano à Presidência enfrenta na Justiça. Ao todo, ele tem 91 acusações federais e estaduais em quatro processos contra si, incluindo conspiração para obstrução de justiça, para falsificação de documentos e para obstrução de um procedimento legal.
Quase todas as acusações estão ligadas à tentativa frustrada de reverter a derrota para Joe Biden nas eleições de 2020, além do discurso negacionista que alimentou teorias da conspiração e levou à invasão do Capitólio, em 2021.
Trump tem usado os processos para criar uma narrativa de que está sendo perseguido pelo "Estado profundo", e que tudo não passa uma tentativa de impedir a vitória que, como vem alegando em discursos, será certa contra Joe Biden. Sua principal estratégia de defesa é uma tese de que ele teria imunidade presidencial total, ou seja, não pode ser processado por atos ocorridos enquanto ele ocupava a Casa Branca.
Em dezembro, ele sofreu uma derrota, depois que um tribunal de Washington invalidou o argumento, em um caso relacionado às acusações civis ligadas ao ataque ao Capitólio. Os advogados dele aguardam uma decisão de uma corte de apelações, mas o caso deve parar na Suprema Corte, que rejeitou um pedido do Departamento de Justiça para analisar a questão de forma antecipada.
Em outra frente, o ex-presidente tenta reverter uma decisão da Justiça do Colorado, que o considerou inelegível no estado por se envolver em "participação aberta, voluntária e direta" em uma insurreição, o que viola a 14ª Emenda à Constituição dos EUA. Uma decisão similar foi adotada no Maine, mas temporariamente suspensa até a palavra final da Suprema Corte, que não tem data para acontecer. (Com New York Times.)