Bolsonaro elogia sistema de votação da Venezuela: "Sinais de eleições justas"
Ex-presidente brasileiro, porém, disse que Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país tirou principais opositores do páreo
O ex-presidente Jair Bolsonaro defendeu, neste domingo (28), o sistema de votação da Venezuela. Segundo ele, Nicolas Maduro começou a dar sinais de "eleições justas", ao implementar uma urna de votação eletrônica, mas que também elabora o voto impresso no último plebiscito. Ele ressaltou, porém, que os principais opositores do país foram excluídos da corrida eleitoral por decisões da Justiça.
— Nesse plebiscito que vimos há poucas semanas que teve a iniciativa do presidente Maduro, teve o voto impresso ao lado da urna eletrônica. E o vídeo, que foi posto à disposição, o Maduro foi votar, eram cinco itens, ele apertava, falava uma coisa, apertava um botão, 'sim, sim, sim' e ai apertava outro botão e uma maquininha imprimia o voto. E ele pegava aquele voto, ao se dirigir à urna, falava 'olha, aqui o voto é eletrônico, mas tem o papel também, diferente de outros países', não citou que país é esse. E pôs ali o voto na urna — afirmou Bolsonaro.
Em seguida, ele completou:
— Ou seja, ele começou a dar demonstração atendendo à oposição de eleições justas. Logicamente, para nós falta ainda a contagem pública dos votos, mas vamos nos ater a questão da Venezuela. Então, Maduro deu sinais, repito, que é muito importante isso, de eleições justas, o voto eletrônico ao lado do voto impresso.
Bolsonaro também afirmou que, apesar do formato de votação adotado na Venezuela, a "oposição não ganha" em razão da decisão da Controladoria de Justiça, pró-governo, que determinou na última sexta-feira a inelegibilidade de María Corina Machado, principal candidata da oposição segundo as pesquisas:
— Bem, só que na última sexta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) decidiu tornar inelegível por 15 anos a maior opositora dele, que é a Maria Corina, e também por tabela, o outro nome lá, opositor, ou seja, no momento o Maduro não tem oposição na Venezuela. A eleição lá pode ser da forma que for, da forma como a oposição bem entender, mas a oposição não ganha.
Um documento da Controladoria de Justiça, pró-governo, divulgado nesta sexta-feira, determinou a cassação de uma extensa lista de opositores, incluindo, além de María Corina e Capriles, o ex-deputado Juan Guaidó, que chegou a ser reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo o Brasil, e se refugiou nos Estados Unidos em abril.
Maduro é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro usava a proximidade dos dois presidentes para afirmar, sem fundamentos, que Lula seguiria os passos da política venezuelana caso fosse eleito nas últimas eleições.
Bolsonaro também passou boa parte do seus mandato como presidente defendendo o voto impresso, alegando, também sem provas, que as urnas não eram seguras e auditáveis. Em agosto de 2021, a Câmara dos Deputados rejeitou em plenário a proposta que previa a implementação do voto impresso a partir de 2022, patrocinada por Bolsonaro e seus aliados.