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Operação da PF envolvendo Carlos Bolsonaro sobre espionagem ilegal na Abin mira núcleo político

Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal

Carlos Bolsonaro - Agência Brasil

A operação da Polícia Federal contra a suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mira o núcleo político suspeito de participar do esquema. Na manhã desta segunda-feira (29), estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. Um dos alvos é o vereador do Rio Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com as investigações, Carlos Bolsonaro é suspeito de receber informações da Abin do deputado Alexandre Ramagem (PL), diretor da pasta à época. Ramagem também é investigado e foi alvo de busca e apreensão na última quinta-feira.

No inquérito, a PF separou os suspeitos em cinco núcleos: PF, em que são investigados os policiais cedidos à Abin durante a gestão de Ramage; Alta Gestão, acerca da cúpula da pasta; Subordinados; Evento Portaria 157, sobre uma ação em que foram monitorados envolvidos com uma Organização Não-Governamental (ONG); e Tratamento Log, sobre os servidores que acessam o sistema da Abin.

Reportagem do Globo, de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

A lista completa das pessoas espionadas irregularmente ainda não é conhecida, mas a PF já identificou indícios de que adversários políticos do ex-presidente foram alvos: entre eles estão o ex-deputado Jean Wyllys e David Miranda, deputado federal pelo PDT do Rio que morreu em maio retrasado.

Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro.

Na semana passada, foram alvos dos mandados de busca e apreensão Ramagem, policiais federais cedidos e servidores do órgão.