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Carlos Bolsonaro: PF fez busca e apreensão em condomínio e levou computadores de gabinete

Trabalho dos agentes foi acompanhado por um assessor do vereador; policiais investigam indícios de um esquema de espionagem ilegal na Abin

Polícia Federal - José Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) encerrou por volta das 9h da manhã desta segunda-feira (29) o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro. Os agentes deixaram a Câmara do Rio pela porta lateral e levaram computadores do gabinete do parlamentar carioca.

No Vivendas da Barra, condomínio de luxo onde o filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro mora, a saída das viaturas foi observada por curiosos.

Como foi a operação de busca e apreensão contra Carlos Bolsonaro?
Durou cerca de duas horas a operação de busca e apreensão no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Os agentes, que chegaram descaracterizados, apreenderam computadores e documentos. Um assessor do parlamentar acompanhou a ação.

Após o cumprimento dos mandados, os agentes da PF levaram os itens apreendidos para a sede da corporação, situada na Zona Portuária do Rio. O vereador, no entanto, não está na cidade. O motivo de não estar na capital fluminense é o fato de ter participado de uma live com o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na noite deste domingo, transmitida da casa da família em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do estado.

Por que Carlos Bolsonaro se tornou alvo da PF?
O filho do ex-presidente é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina. O caso foi revelado pelo jornal O GLOBO em março do ano passado.

Mandados de busca e apreensão
Além de Carlos Bolsonaro, um policial federal que integrava os quadros da Abin na gestão passada é alvo da operação deflagrada nesta segunda-feira no Rio de Janeiro, na Bahia e no Distrito Federal. A PF cumpre mandados de busca e apreensão na residência e no gabinete do filho do ex-presidente. Ao todo, são cumpridos oito mandados de busca e apreensão: cinco no Rio, um em Brasília, um em Formosa (GO) e um em Salvador.

Em nota, a PF informou que busca "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas". Ainda de acordo com a corporação, o grupo usou "técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público".

Espionagem na Abin
Na quinta-feira passada, a Polícia Federal realizou uma operação para apurar suspeitas de espionagem ilegal na Abin. O alvo foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), delegado da Polícia Federal e homem de confiança do clã Bolsonaro que dirigiu a Agência Brasileira de Inteligência durante boa parte do governo Bolsonaro.

Quem é Alexandre Ramagem?
Ramagem foi escolhido para assumir a Abin após ter coordenado a segurança de Jair Bolsonaro durante as eleições presidenciais em 2018. O delegado federal se aproximou de Carlos Bolsonaro, que o apoiou durante a campanha para deputado federal em 2022.

O que é o FirstMile?
Reportagem do Globo, publicada de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

A lista completa das pessoas espionadas irregularmente ainda não é conhecida, mas a PF já identificou indícios de que adversários políticos do ex-presidente foram alvos: entre eles estão o ex-deputado Jean Wyllys e David Miranda, deputado federal pelo PDT do Rio que morreu em maio retrasado.

Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro.