ESPANHA

Conservadores condenam cartaz de Jesus Cristo para a Semana Santa de Sevilha

Algumas reações foram denunciadas pelo autor da obra

O cartaz oficial escolhido para as festividades da Semana Santa em Sevilha (sul) desperta a ira dos ultraconservadores - Álvaro Leflet/AFP

O cartaz oficial da Semana Santa de Sevilha, no sul da Espanha, provocou indignação em meios de comunicação católicos ultraconservadores, que exigiram sua remoção por considerá-lo ofensivo.

Apresentado no sábado (27), o cartaz do artista natural de Sevilha Salustiano García mostra um Jesus Cristo ressuscitado, ligeiramente coberto por um pano branco da cintura para baixo.

Mostra "a parte luminosa da semana santa", no "mais puro estilo deste prestigiado pintor", ressaltou em um comunicado a organização que reúne as irmandades da cidade que participam das procissões da Semana Santa.

A obra, que deveria ser exposta por toda a cidade, gerou polêmica nas redes sociais, após inúmeros internautas e uma associação católica ultraconservadora denunciarem seu caráter "sexualizado".

O cartaz é "uma verdadeira vergonha e aberração", de acordo com o Instituto de Política Social, uma organização que defende os "símbolos cristãos" e que é contra o aborto.

Julgando o que consideram ser um Cristo "afeminado", a instituição pediu sua remoção e exigiu um pedido público de desculpas do artista, argumentando que esta representação não está de acordo com o espírito da Semana Santa.

O líder do partido de extrema direita Vox, Javier Navarro, também se juntou às críticas, declarando na rede social X que o cartaz "buscava a provocação" e se distanciava de seu objetivo de "encorajar a participação devota dos fiéis na Semana Santa de Sevilha".

Algumas reações foram denunciadas pelo autor da obra, que, em entrevista ao jornal ABC, afirmou que sua pintura é "gentil, elegante e bonita", e é feita com "respeito".

"É preciso estar doente para ver sexualidade em meu Cristo", afirmou García, explicando que "não há nada" em seu quadro que "não esteja representado em obras de arte de muitos séculos atrás".

Os socialistas, que governam o país, saíram em defesa do cartaz e denunciaram "as expressões de homofobia e ódio" a que deu origem, disse Juan Espadas, líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) na Andaluzia.