GUERRA ISRAEL-HAMAS

Cresce preocupação em Gaza após suspensão de financiamento da UNRWA por vários países

A agência despediu 12 de seus empregados acusados por Israel de terem participado dos ataques do Hamas em 7 de outubro

Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras para os Refugiados da Palestina (UNRWA) do lado de fora de um de seus veículos estacionados no playground de uma escola administrada pela UNRWA - Mahmud Hams/AFP

Habitantes da Faixa de Gaza lamentaram, nesta segunda-feira (29), que vários países doadores suspenderam seu financiamento à agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) e afirmaram que esta é sua única fonte de acessar suprimentos no território assolado pela guerra.

A agência despediu 12 de seus empregados acusados por Israel de terem participado dos ataques do Hamas de 7 de outubro e prometeu uma investigação exaustiva.

Na cidade de Rafah, no sul de Gaza, onde 1,5 milhão de pessoas deslocadas encontraram abrigo, vários habitantes explicaram à AFP que a ajuda da agência era para eles uma verdadeiro salva-vidas.

"Se parar, morreremos de fome e ninguém virá nos socorrer", disse Sabah Musabih, de 50 anos.

Amal Abdel Moneim, que fugiu da Cidade de Gaza (norte), afirmou que "ninguém ajuda os civis, salvo a UNRWA". Sem ela, "nosso povo morrerá".

Vários países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão, anunciaram que suspenderão seu financiamento à agência.

Israel comprometeu-se a proibir que a agência siga operando em Gaza depois da guerra.

Seu ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, anunciou nesta segunda-feira que estava cancelando uma reunião com o diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, prevista para esta semana.

O ataque do Hamas no sul de Israel causou cerca de 1.140 mortos, sobretudo civis, e também incluiu o sequestro de cerca de 250 pessoas que foram levadas a Gaza como reféns, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre que até agora deixou mais de 26.637 mortos, majoritariamente civis, segundo os números do Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas.

No terreno, a suspensão do financiamento não teve consequências imediatas, segundo disse à AFP uma fonte da UNRWA. "Não há mudanças nos mecanismos de distribuição de ajuda", disse a fonte, sob condição de anonimato.

O Estados Unidos seguiam avaliando suas opções nesta segunda-feira. A UNRWA "literalmente ajudou a salvar milhares de vida" em Gaza, disse nesta segunda à CNN o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.

"Embora seja muito grave e devemos tomá-lo como tal, (...) também não devemos colocar em dúvida o bom trabalho da agência em seu conjunto", acrescentou Kirby.