Empresários definem prioridades para promover crescimento sustentável no G20
Eles participam do B20, fórum que reúne representantes de empresas do G20, grupo diplomático formado pelas 20 economias mais ricas do mundo
Presidentes de grandes companhias brasileiras discutem propostas a serem adotadas pelo B20, fórum dentro do âmbito do G20 e que reúne representantes de empresas das 20 economias mais ricas do mundo. Em linha com o foco em promover crescimento inclusivo e um futuro sustentável, eles defendem melhoras em ferramentas que possam estimular o comércio global, acesso a recursos, avanço tecnológico, expansão de investimentos em infraestrutura, inclusão social e combate à fome.
- Queremos nos antecipar e discutir ao máximo as propostas que vamos apresentar no fim deste ano e que, após discutidas, esperamos que sejam adotadas como políticas recomendadas pelo G20. Uma prioridade traçada pelo presidente Lula é trabalhar no combate à fome e à pobreza - diz Mauricio C. Lyrio, Sherpa do G20 no Brasil. - Teremos já em meados do ano uma reunião para discutir as prioridades levantadas pelas forças-tarefas e também pelo grupo de finanças.
Novas frentes de trabalho no Brasil
São ao todo sete forças-tarefas e um conselho: comércio e investimento; emprego e educação; transição energética e clima; transformação digital; finanças e infraestrutura; integridade e compliance; sistemas alimentares e agricultura, além do Conselho de ação Mulheres, diversidade e inclusão em negócios. Essas duas últimas iniciativas foram criadas por demanda do G20 Brasil.
Francisco G. Neto, CEO da Embraer, coordena o braço voltado para comércio e investimento. À frente de uma multinacional que vende e compra de uma cadeia global, ele aponta iniciativas já feitas como centrais:
- Queremos trabalhar para promover um comércio global justo, aberto e eficiente, avançar na captação de mais investimento e crescimento. Três pontos vão impactar investimentos: agronegócio, redução de emissões de carbono e mudanças climáticas - disse ele, destacando que a Embraer atuou nessa força-tarefa nas últimas três edições do G20.
Desenhar novas políticas de investimento, remodelando o comércio global e melhorando a crise que o sistema de financiamento multilateral enfrenta, também são prioridades, aponta o executivo.
- Há oportunidades no comércio global que está em forte recomposição no pós-pandemia, tendo registrado em 2022 expansão de 20% em valores de mercadorias e de 50% em serviços. China, Europa e Estados Unidos mantiveram sua importância, mas o Sul Global está em expansão e a previsão é crescer com mais força nos próximos anos - destacou.
Para ele, novas tecnologias reforçam a oportunidade para ampliar transações comerciais e construir cadeias de fornecimento e logísticas mais resilientes. Enquanto a transição energética vai colaborar para um aumento do investimento estrangeiro direto em diversos países.
Foco em ações
Coordenador da força-tarefa de Transição energética e clima, o CEO da distribuidora de combustíveis Raízen, Ricardo Mussa, destacou que o último encontro do B20, em 2022, na Índia, reuniu "muitas boas ideias de ação" em relação às mudanças climáticas, mas ainda há "muita dificuldade" em colocá-las em ação numa escala global.
- Estamos lutando contra as mudanças climáticas, e sinto que estamos no momento certo para tomar todas essas iniciativas. Mas não estamos fazendo um bom trabalho até agora. Ano passado foi o mais quente da história. Não conseguimos tratar das questões necessárias. O ambiente suplica por mudanças - afirmou.
Ele também observou a possibilidade de o grupo de trabalho ser uma "vitrine" para que o setor apresente ao mundo iniciativas brasileiras de sucesso, como as de transição energética:
- Em conversas com investidores, é muito difícil fazer com que as pessoas prestem atenção e saibam de todas as iniciativas que o Brasil lidera. Temos uma oportunidade de mostrar o que estamos fazendo de certo e no momento oportuno.
A coordenadora da força-tarefa Integridade e Compliance, Cláudia Sender, citou que a adoção de ferramentas de inteligência artificial pode trazer avanços, como aumento da produtividade industrial, mas que é necessário "uso responsável" para evitar um aumento da desigualdade social.
-- Precisamos promover o uso ético e responsável da IA e outras tecnologias, e as pessoas precisam se preparar para usar os benefícios, mas minimizando os riscos de desinformação e aumento da polarização.
Ela ainda destacou a importância de o grupo discutir a crise de saúde mental "que tem um impacto enorme nos negócios". A coordenadora citou dados da Organização Mundial da Saúde que estimam que quadros de ansiedade e depressão geram um prejuízo anual de US$ 1 trilhão:
-- A Organização Internacional do Trabalho (OIT) cerca de 25% dos trabalhadores já foram vítimas de assédio moral e discriminação. A liderança ética é a chave para termos um ambiente de trabalho justo e seguro. A agenda de compliance não é um esforço jurídico nem um slogan de marketing, mas uma luta por justiça e credibilidade.