Abin

Defesa de Bolsonaro diz que operação contra Carlos é excesso da PF

Vereador foi alvo de mandados de busca e apreensão no âmbito de operação que investiga o funcionamento de uma "Abin paralela"

Carlos, à esquerda, ao lado do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro - Nelson Almeida/AFP

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou de "excesso" a operação da Polícia Federal (PF) que visou o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) nesta segunda-feira por suspeita de se beneficiar de uma instrumentalização política da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"A defesa entende que houve um excesso no cumprimento da busca e apreensão, ao passo que foram apreendidos objetos pessoais de cidadãos diversos do vereador Carlos Bolsonaro, apenas pelo fato de estarem no endereço em que a busca foi realizada", diz os advogados do ex-presidente em nota divulgada à imprensa.

Carlos Bolsonaro foi alvo de mandado de busca e apreensão e teve aparelhos de telefone celular recolhidos pelos agentes federais. A operação da PF foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e contou com o aval da Procuradoria-Geral da República.

Ainda segundo os advogados de Bolsonaro, os objetos apreendidos "não guardam nenhuma relação com a investigação informada pelos agentes policiais, tais como um computador pessoal e um tablet do assessor do ex-Presidente, mesmo tendo sido demonstrado no local que tais objetos eram do profissional que não está sendo investigado, assim como anotações pessoais utilizadas na preparação da live ocorrida no dia anterior".

Os advogados chamam a apreensão dos objetos "em uma casa familiar" de uma "desastrosa fishing expedition, ou pescaria probatória".

"A medida empreendida hoje, em uma residência familiar, com a apreensão indiscriminadas de bens pessoais de terceiros, sem ordem judicial específica, configura inegável abuso e uso excessivo do poder estatal, postura que deve cessar imediatamente, sob pena de configurar verdadeiro atentado à democracia", dizem ainda.

Carlos Bolsonaro foi alvo junto com outras três pessoas de uma operação da PF que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal no órgão de inteligência durante o governo de Bolsonaro, sob a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal.

Carlos é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina. O caso foi revelado pelo jornal O Globo em março do ano passado. Esta etapa da investigação tem como foco o núcleo político da suposta organização criminosa. Ramagem, que é figura próxima do vereador, é investigado e foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira da semana passada.