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Desenrola: governo faz mudanças para deslanchar programa de renegociação de dívidas. Tire dúvidas

Iniciativa lançada no ano passado atingiu, em todas as fases, 11,5 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Fazenda

A página de acesso à plataforma de renegociação do Desenrola Brasil - Reprodução

O governo anunciou ontem que a plataforma do programa de negociação de dívidas Desenrola Brasil poderá ser acessada pelos sites de bancos, birôs de crédito e outras instituições financeiras cadastradas no programa.

Lançado com ano passado para bandeira da redução da inadimplência, o programa atingiu, em todas as fases, 11,5 milhões de brasileiros. Segundo o Ministério da Fazenda, foram R$ 34 bilhões em dívidas renegociadas, aproximadamente.

“Ao entrar nos canais parceiros, o usuário já logado poderá ser redirecionado para a plataforma do Desenrola, onde conseguirá ver as dívidas e fazer os pagamentos com descontos” diz comunicado da Fazenda.

O que muda?
A plataforma será acessada por meio de integração com sites de bancos e birôs de crédito. Além disso, mesmo com o nível mínimo de segurança no site do gov.br (bronze), os consumidores poderão entrar na plataforma. Antes, só quem tinha nível prata ou ouro conseguia.

O que essa integração significa?
Agora, com a integração da plataforma, a Fazenda abriu a possibilidade de os bancos credores pagarem uma taxa para os parceiros (especialmente birôs de crédito) que conseguirem direcionar os devedores para o programa de Desenrola. A mudança é vista pela Fazenda como incentivo às regenciações.

Haverá impacto para o devedor?
Segundo a Fazenda, não. Por exemplo, se a pessoa tem uma dívida do Itaú e negociou no Desenrola a partir de um redirecionamento do site do Serasa, o Itaú remunera o Serasa. Nada muda para o cidadão, de acordo com a Fazenda.
 

“Não há nenhum impacto para o devedor, que continua com os mesmos descontos na plataforma”, reforça a Fazenda, em nota.

A remuneração será equivalente a 2% do valor principal renegociado de cada operação, após os descontos.

A plataforma muda?
Não. A adesão segue sendo feita no site do governo, mas podendo ser acessada também por outros meios.

Como é o acesso?
Mais de 80% das pessoas que negociaram dívidas por intermédio do site do programa acessam pelo celular. O ticket médio das negociações é de R$ 251 nos pagamentos à vista e R$ 961 nos parcelados.

É possível obter bons descontos?
A média de descontos na dívida continua sendo de 90% à vista e 85% a prazo. Neste último caso, os juros médios para refinanciamento da dívida são de 1,81%, e a média de parcelas é de 12 vezes.

A negociação é longa?
Cerca de 50% das pessoas que entram na plataforma concluem a negociação, e o tempo médio é de 3 minutos e 47 segundos.

Quais os setores que mais renegociam dívidas?

Serviços financeiros (R$ 6 bilhões);

Securitizadoras (cerca de R$ 860 milhões);

Comércio (R$ 453 milhões);

Contas de luz (R$ 254 milhões).

Público
Na atual fase do programa, de dívidas gerais e não só bancárias, podem participar cidadãos com renda mensal igual ou inferior a dois salários mínimos, ou que estejam inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).

A Fazenda tem alertado, após repercussão nas redes sociais, que as pessoas contempladas pelo Desenrola não perdem benefícios sociais e nem deixam de ser candidatos em programas do governo como o Bolsa Família.

Histórico
A primeira fase do Desenrola Brasil começou em julho de 2023. Cerca de 10 milhões de registros de dívidas de até R$ 100 foram retirados dos cadastros de inadimplentes.

Também no meio de 2023 foram iniciadas as negociações feitas diretamente pelos bancos credores com pessoas com renda mensal de até R$ 20 mil. Essa fase se encerrou no fim de dezembro e focou apenas em dívidas bancárias.

Em outubro de 2023, teve início a segunda fase do programa, quando as negociações também passaram a ser feitas diretamente pelo site do Desenrola, com dívidas bancárias e não bancárias.