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Macron pede a UE que interrompa acordo com Mercosul, em meio a protestos de agricultores

Presidente francês afirma que "é impossível fechar acordo", segundo seu porta-voz. Produtores fazem cerco a Paris para pressionar governo por alívio nos custos

Presidente da França, Emmanuel Macron - Ludovic Marin / POOL / AFP

O presidente da França Emmanuel Macron pediu à União Europeia que interrompa o acordo comercial com o Mercosul, intensificando sua oposição ao acordo em meio a protestos de agricultores em seu país, em parte provocados pela concorrência estrangeira.

Na semana passada, Macron contatou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, solicitando o término das atuais negociações, de acordo com fontes. Na noite desta segunda-feira, um porta-voz da presidência francesa confirmou o pedido.

"O presidente expressou, em diversas ocasiões, sua oposição muito clara à conclusão do acordo" a Von der Leyen, declarou o porta-voz à AFP, acrescentando que a Comissão "entendeu que era impossível fechar" um acordo diante das condições atuais."

"Entendemos que (Marcon) deu instruções a seus negociadores para que coloquem fim às sessões de negociação que estavam em curso no Brasil e, em particular, a visita que o vice-presidente da Comissão havia previsto em caso de conclusão", acrescentou.

De acordo com a Bloomberg, o recado de Macron para a líder da UE foi de que o acordo não deveria ser concluído a menos que os agricultores dos quatro países do Mercosul estejam sujeitos às mesmas normas ambientais que os da Europa. A Comissão Europeia não fez comentários.

As negociações entre a UE e os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) para um acordo comercial têm mais de duas décadas. Em 2019, foi anunciado um acordo, mas nunca foi implementado devido a novas exigências ambientais da UE.

A ação de Macron é, em última análise, um esforço para acalmar os agricultores franceses, que começaram a bloquear estradas ao redor de Paris com seus tratores. O objetivo é pressionar o governo por mais concessões que aliviem os crescentes custos e a burocracia.

Muitos manifestantes também apontam o que descrevem como concorrência desleal de países estrangeiros, facilitada por acordos de livre comércio como o Mercosul.