INVESTIGAÇÃO DA PF

Lula nega perseguição contra Bolsonaro no caso da Abin

Carlos Bolsonaro é suspeito de ser "membro do núcleo político da organização criminosa" que teria se formado dentro da Abin

Lula durante a entrevista - Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou, nesta terça-feira (30), que esteja havendo qualquer tipo de perseguição contra seu antecessor Jair Bolsonaro (PL), no momento em que seu filho Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, é alvo de uma operação da Polícia Federal no âmbito de uma investigação sobre espionagem ilegal.

Em entrevista à Rádio CBN de Recife, Lula foi questionado sobre declarações de Bolsonaro, que se disse "perseguido" pelo atual governo.

"Eu posso falar que ele falou uma grande asneira", respondeu. "O governo brasileiro não manda na Polícia Federal. Muito menos o governo brasileiro manda na Justiça", frisou.

Segundo filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi objeto, ontem, de mandados de busca e apreensão por parte da PF, que investiga supostas ilegalidades praticadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em favor do líder de extrema direita e de seu círculo mais próximo.

Carlos Bolsonaro é suspeito de ser "membro do núcleo político da organização criminosa" que teria se formado dentro da Abin. Os investigadores suspeitam de que membros da agência usaram um "software" israelense chamado FirstMile para espionar centenas de políticos e figuras públicas durante a presidência de Bolsonaro (2019-2022).

Nesta terça, o "filho 02" foi interrogado na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Saiu sem dar declarações à imprensa, como acompanhou a equipe da AFP no local.

Mais cedo, na rede social X, o vereador afirmou que a audiência não tinha relação com a investigação da Abin. Também publicou um vídeo de sua casa, onde disse que encontrou "muitas coisas reviradas e largadas abertas", após a execução do mandado de busca e apreensão.

Durante a operação de segunda-feira, ele estava com o pai, em uma residência em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do Rio, também revistada ontem.

Na última quinta-feira, os investigadores se voltaram para Alexandre Ramagem, diretor da agência durante o governo Bolsonaro e agora deputado federal pela legenda do ex-presidente (PL-RJ).

À pergunta sobre sua confiança na atual equipe da Abin, Lula respondeu: "A gente nunca esta seguro".

Ele disse ter "grande confiança" no atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, mas advertiu que em breve poderá destituir seu adjunto, Alessandro Moretti, "se for provado" que "mantinha relação com o Ramagem".

Lula afirmou ainda que espera que a investigação siga seu curso, respeitando "a presunção de inocência" e sem "show pirotécnico", criticando as ruidosas operações policiais das quais também foi alvo no passado.

Condenado em 2023 a oito anos de inelegibilidade na política por "abuso de poder" durante uma reunião com embaixadores, na qual difundiu informações falsas sobre o sistema de votação eletrônica no país, Bolsonaro enfrenta vários processos na Justiça desde que perdeu a eleição presidencial em outubro de 2022, inclusive por corrupção.