UNRWA é a 'espinha dorsal' da ajuda humanitária a Gaza, diz chefe da ONU
Entidade fornece assistência e abrigo para cerca de 1,7 milhão de pessoas
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou nesta quarta-feira (31) a Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) da sua organização como a "espinha dorsal" da ajuda a Gaza, após a suspensão do financiamento de vários países devido às acusações israelenses de que 12 funcionários da UNRWA participaram nos ataques de 7 de outubro.
"Ontem me reuni com os doadores para ouvir as suas preocupações e expor as medidas que estamos tomando para as resolvê-las (...). A UNRWA é a espinha dorsal de toda a resposta humanitária em Gaza", disse Guterres a um comitê da ONU sobre os direitos dos palestinos.
Suspender o financiamento da UNRWA é "perigoso e levaria ao colapso do sistema humanitário em Gaza", afirmaram na terça-feira os diretores das agências da ONU, em uma declaração conjunta.
A disputa se intensificou na terça-feira, depois de Israel ter acusado a UNRWA de permitir que o Hamas utilizasse a infraestrutura da agência em Gaza para atividades militares.
A UNRWA afirmou que agiu prontamente diante das acusações de Israel de que 12 de seus funcionários estavam envolvidos em ataques do Hamas.
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão estão entre os países que suspenderam a entrega de dinheiro à agência por conta dessas acusações.
A agência da ONU está há muito tempo sob escrutínio de Israel, que a acusa de agir sistematicamente contra os interesses israelenses.
Israel prometeu encerrar o trabalho da agência em Gaza depois da guerra e dobrou sua aposta na terça-feira, quando o porta-voz do governo, Eylon Levy, disse que a UNRWA "foi fundamentalmente comprometida".
Ele acusou a agência de "contratar terroristas em grande escala, deixar a sua infraestrutura ser usada para atividades militares do Hamas e depender do Hamas para a distribuição de ajuda na Faixa de Gaza".
A coordenadora da ONU de ajuda a Gaza, Sigrid Kaag, afirmou na terça-feira que "não tem como qualquer organização substituir a tremenda capacidade" da UNRWA, que fornece assistência e abrigo para cerca de 1,7 milhão de pessoas.
Após o ataque de 7 de outubro contra Israel, que causou a morte de cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais, o seu Exército lançou uma devastadora ofensiva aérea, terrestre e marítima em Gaza.
Pelo menos 26.900 pessoas morreram em Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.