Filme “O Shaolin do Sertão” que entra em cartaz nesta quinta

Filme mantém o mesmo perfil do longa-metragem anterior, baseado na mistura entre comédia, traços populares da cultura do Nordeste

Latino, uma das atrações do Bloco do Seu Antônio - Ed Machado/Folha de Pernambuco

 

É interessante pensar sobre o lugar que Halder Gomes vem conquistando no cinema nacional. Depois de “Cine Holliúdy” (2012), o diretor cearense apresenta “O Shaolin do Sertão”, filme que mantém o mesmo perfil do longa-metragem anterior, baseado na mistura entre comédia, traços populares da cultura do Nordeste, o interesse por artes marciais e a paixão pelo próprio cinema dos anos 1970 e 1980. O filme, que estreia hoje, entrou em cartaz no Ceará semana passada, onde teve a melhor média de espectadores por sala: 237 pessoas.
“Esse filme é mais antigo que o ‘Cine Holliúdy’”, diz Hal­der. “A paixão pela arte marcial vem antes da vontade de fazer cinema. Mas esse filme era mais complexo e mais caro, demandava mais recursos e maturidade. Deixei na gaveta. Depois do sucesso de ‘Cine Holliúdy’, a Downtown Filmes perguntou qual era meu próximo projeto. Foi aí que ‘Shaolin do Sertão’ saiu da gaveta. Trabalhei com LG Bayão, que pegou meu argumento e estruturou como roteiro. Depois eu li, para dar o tempero da comédia, da ação”, detalha o diretor.
Halder faz parceria com o ator Edmilson Filho, protagonista dos dois filmes. Ele interpreta Aluísio Li, que trabalha em uma mercearia em Quixadá. Enquanto bate na massa de pão, Aluísio tem fantasias em que é um mestre kung fu, derrota inimigos e salva Anésia Shirley (Bruna Hamú), jovem por quem é apaixonado, que trabalha no mesmo lugar e está noiva de Armandinho (Marcos Ve­ras). Ela é filha de seu chefe, Seu Zé (Dedé Santana).
“A gente tem história, são 23 anos de amizade”, diz o diretor. “Ele começou como faixa branca na minha academia. Foi campeão brasileiro de taekwondo. Esse per­sonagem exigia expertise. Todos os movimentos mar­ciais que estão no filme foi ele que fez. Além disso, Edmilson é um cara que conhece o humor. Como a gen­te sai bastante, quando que­ro dar alguma orientação, digo ‘lembra aquela tal situação?’, e ele já sabe qual é. Isso facilita nosso trabalho”, ressalta o diretor.
Halder coloca a fascinação pelos anos 1980 na trama, fazendo referências aos filmes de luta que eram populares naquela época. “É o resgate do movimento que aconteceu nos anos 1980 e 1990, quando lutadores aposentados iam desafiar valentões, o UFC da Fuleragem”, explica Halder. O personagem Li tem uma fita VHS que comprou depois de um sonho, e desde então tenta aplicar na realidade seus golpes de grandiosidade.
Até que o bruto Toni Tora Pleura (Fábio Goulart), lutador conhecido por destroçar inimigos, desafia os homens de Quixadá. Rossivaldo (Frank Menezes), prefeito da cidade, comicamente corrupto e covarde, oferece recompensa para quem subir ao ringue e desafiar Tora Pleura. Começa então a jornada de Li para se tornar o Shaolin do Sertão, sendo treinado pelo mestre Chinês (Falcão, em ótima participação).
“Essa comédia funciona para espectadores de 5 a 100 anos. Mexe com o imaginário da criança que gosta de arte marcial, e vai encontrar no filme um herói cearense, e mexe com a nostalgia da geração que vivenciou os filmes de luta no cinema. ‘Shaolin’ agrada a pais, filhos e avós. Isso é muito difícil de fazer, requer um humor muito complexo e ao mesmo tempo simples. Fazer o simples é muito complexo”, diz Halder.