NEGÓCIOS

Advogados que venceram Elon Musk em processo sobre bônus podem se tornar bilionários

Caso envolve disputa por bônus de R$ 227 bilhões da Tesla; Musk ainda pode recorrer

Elon Musk

Os advogados dos acionistas da Tesla que venceram uma disputa judicial contra o bilionário Elon Musk, envolvendo um bônus de R$ 227 bilhões (US$ 55,8 bilhões), podem se tornar bilionários com a causa vitoriosa. Segundo o jornal Financial Times, o escritório Bernstein Litowitz Berger & Grossmann pode pedir a Corte de Chancelaria de Delaware o pagamento de até um terço do "benefício conferido" pela decisão.

Nos EUA, é comum que parte da remuneração dos advogados dos autores da causa venha de um acordo ou sentença, a chamada taxa de contingência, mediante a vitória no caso.

Assim, parte do valor revertido aos acionistas pela decisão judicial pode ir parar nas mãos dos advogados que atuaram no caso do lado vitorioso. No entanto, cabe ao tribunal americano definir qual seria o valor recebido pelos profissionais.

"Nunca houve um julgamento deste tamanho, então estamos em um território um tanto desconhecido. E provavelmente (eles) farão um pedido um pouco mais modesto por razões de imagem. Mas eu ficaria surpreso se eles não pedissem honorários, de qualquer forma, no valor de vários bilhões de dólares", disse ao jornal Financial Times um proeminente advogado de Delaware, não ligado ao caso, que não se identificou.

Ainda segundo a publicação, Greg Varallo, advogado principal da firma que representa os acionistas, pode demorar algumas semanas até que o pedido seja feito. Ele não se manifestou quanto ao valor que seria requisitado.

Entenda o caso
Uma juíza do estado americano de Delaware anulou um acordo de 2018 fechado entre a Tesla e o seu dono, Elon Musk, em que foi acertado uma pacote de remuneração de US$ 55,8 bilhões (equivalente a R$ 277 bilhões, na cotação atual) ao empresário. A determinação judicial respondeu ao questionamento de um acionista da empresa de carros elétricos, que criticou o alto valor.

Na decisão, a juíza Kathaleen McCormick afirmou que o pagamento não era justo para os demais acionistas e o classificou como "soma incomensurável".

Os diretores da empresa justificaram que o valor do pagamento serviu para garantir que o empresário continuasse a se dedicar à Tesla, já que tinha outros negócios, como a SpaceX (que lança satélites no espaço) e a Neuralink (que acaba de implantar seu primeiro chip em um ser humano).

No julgamento, a defesa de Musk argumentou que a remuneração necessária para motivar o bilionário a alcançar um "crescimento transformador" e colonizar Marte.

A juíza também avaliou que os diretores foram influenciados pela retórica que circunda a figura de popstar de Musk. E pontuou que o dono da empresa tinha "profundos laços" com as pessoas que aprovaram o valor do pagamento.

Isso incluía o ex-conselheiro geral Todd Maron, que trabalhou como advogado de divórcio de Musk; Antonio Gracias, amigo de Musk há duas décadas e que passava férias com ele regularmente; e o presidente do comitê de remuneração, Ira Ehrenpreis, que teve um relacionamento de 15 anos com o bilionário, disse a juíza.

“Não é surpreendente que não tenha havido nenhuma negociação significativa sobre qualquer um dos termos do plano. Eles não assumiram uma posição ‘do outro lado’ de Musk. Foi um empreendimento cooperativo. Não houve negociações posicionais", escreveu a juíza McCormick

Cabe recurso à Suprema Corte de Delaware. Caso contrário, a Tesla terá que refazer os termos do pacote de remuneração.

Segundo a BBC, o pacote de remuneração foi o maior já registrado na História das corporações — e ajudou a tornar Musk o homem mais rico do mundo, posto que chegou a perder para o francês Bernard Arnault, dono da Lous Vuitton, na semana passada. Musk retomou a posição número 1 no ranking de bilionários. No início desta semana. A Forbes estimou sua fortuna em US$ 210,6 bilhões (mais de R$ 1 trilhão) em 30 de janeiro de 2024.