Alerj se reúne para discutir futuro da deputada Lucinha, investigada por ligação com Zinho
Parlamentar foi alvo de investigação do MPRJ, que revelou supostas ligações com milicianos da quadrilha de Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho
O futuro da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha, de 63 anos, começa a ser discutido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) nesta sexta-feira. A parlamentar foi suspensa da Casa pela Justiça em dezembro após ser alvo de busca e apreensão em uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ) em que uma investigação mostrou supostas ligações de Lucinha com milicianos da quadrilha de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. Na sessão sigilosa, uma reunião marcada para às 10h, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa se reúne para escolher qual membro do colegiado será o relator do caso. As informações são do g1.
A reunião será fechada. O processo foi definido como super sigiloso pelo Tribunal de Justiça do Rio. Com a escolha do relator do caso, a defesa de Lucinha será notificada e tem prazo de 48 horas para apresentar defesa por escrito. Após esse prazo, a comissão faz uma nova reunião, prevista para o dia seguinte, para analisar o relatório feito pelo relator e elaborar um projeto de resolução.
Após a conclusão do projeto de resolução, que pode ser feita no mesmo dia, ele já pode ser colocado para votação na quinta-feira, o que vai decidir se a Alerj acata ou não a determinação da Justiça para afastar Lucinha do cargo.
Relembre o caso
A parlamentar é suspeita de interceder pela soltura de integrantes da organização criminosa, de pedir a transferência de comandante de batalhão e até de pressionar autoridades para que fossem realizadas ações contra um grupo rival.
Agentes federais estiveram, em 18 de dezembro, durante a ação, no gabinete da parlamentar na Assembleia Legislativa (Alerj) e em endereços ligados a ela, onde houve apreensão de duas pistolas, R$ 148 mil em espécie e documentos. Ela prestou depoimento na Polícia Federal e foi liberada. O desembargador Benedicto Abicair, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, determinou a suspensão do exercício da função pública da parlamentar, além de ter proibido que ela frequente a Casa.
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O nome da deputada apareceu na investigação após a quebra do sigilo telemático de Domício Barbosa de Souza, o Dom, um dos operadores financeiros da milícia de Zinho. Conversas mostrariam a interferência da parlamentar para proteger milicianos e para prejudicar bandidos rivais. Lucinha, identificada de “Madrinha” por Domício, e sua assessora parlamentar Ariane Afonso Lima teriam se encontrado pessoalmente com integrantes da quadrilha pelo menos 15 vezes em 2021. De acordo com o MP, Zinho esteve presente em algumas dessas reuniões.
Essa investigação teve início após a Operação Dinastia I, que investiga a quadrilha de Zinho. Após a Justiça conceder a quebra do sigilo telemático dos investigadores chegaram ao nome da deputada. O MP descobriu que ele conversava com Ariane Afonso ou com a própria Lucinha.
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"Verifico a existência de indícios de intenso e estreio relacionamento entre a deputada e Domicio Barbosa para tratar de interesses afetos à Associação Criminosa constituída no formato de milícia (...) havendo indícios de que as Requeridas figuram como verdadeiras integrantes da Organização Criminosa”, diz trecho da decisão do desembargador.
A investigação, que ainda não terminou, apura se Lucinha usou seu mandato para pressionar operações da Polícia Civil contra um grupo rival de Zinho. Segundo o MPRJ, a milícia, supostamente, de Zinho, teria pago às delegacias da Polícia Civil para fazer uma megaoperação contra o grupo rival dele na Zona Oeste do Rio. Para isso, segundo consta na decisão assinada pelo desembargador Benedicto Abicair, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, Lucinha seria a intermediária entre milicianos e autoridades.
No trecho da decisão, em 10 de novembro de 2021, um integrante do grupo enviou mensagem para Domício relatando que um homem conhecido como André levou “dinheiro alto” várias unidades da Polícia Civil para comprar uma megaoperação. O MPRJ conclui que, logo em seguida, Zinho mandou Domício pedir a Lucinha que desse conhecimento a uma terceira pessoa, não identificada, que adotasse “providências” contra a quadrilha do inimigo deles, a do miliciano Danilo Dias Lima, o Tandera.