Tribunal condena 13 pessoas à morte por homossexualidade no Iêmen
Júri administrado pelos Houthi já prendeu outras 35 pessoas sob mesma acusação
Um tribunal administrado pelos Houthi, no Iêmen, condenou 13 pessoas à execução pública por acusações de homossexualidade, disse uma fonte judicial nesta terça-feira (6). A sentença surge enquanto grupos de direitos humanos denunciam o aumento dos abusos por parte dos rebeldes apoiados pelo Irã.
Outras 35 pessoas foram detidas sob acusações de homossexualidade, segundo a fonte judicial, que falou à AFP sob condição de anonimato, já que não estava autorizado a falar com a imprensa. Não ficou claro quando as execuções deveriam ser realizadas.
As sentenças foram proferidas em Ibb, uma província controlada pelos Houthi, grupo cujos ataques aos navios do Mar Vermelho, realizados desde Novembro, provocaram ações de retaliação por parte dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Um relatório de 2022 do Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos afirma que o grupo já condenou 350 pessoas à morte desde que tomaram a capital em 2014, e executaram 11 delas.
As sentenças, que são passíveis de recurso, nem sempre são executadas pelos Houthi, que controlam as áreas mais populosas do Iêmen e estão envolvidos numa guerra de longa data com uma coligação liderada pelos sauditas. As ONG dizem que os abusos de direitos aumentaram desde que o grupo começou a perseguir a navegação no Mar Vermelho, declaradamente em protesto contra a guerra entre Israel e o Hamas.
"Os Houthi estão a aumentar os seus abusos em casa enquanto o mundo está ocupado a observar os seus ataques no Mar Vermelho" disse Niku Jafarnia, investigador do Iémen da Human Rights Watch. — Se eles realmente se importassem com os direitos humanos que afirmam defender na Palestina, não estariam açoitando e apedrejando os iemenitas até a morte.
Em Dezembro, a ativista iemenita de direitos humanos Fatima Saleh Al-Arwali foi condenada à morte sob a acusação de espionagem para os Emirados Árabes Unidos, membro da coligação militar que interveio no Iêmen em 2015 em apoio às forças governamentais.
Os Houtis, do norte montanhoso do Iêmen, pertencem à minoria Zaidi, uma ramificação do Islã Xiita. A força linha-dura, fundada com o objectivo de promover uma teocracia, surgiu na década de 1990, levantando-se devido à alegada negligência da sua região. Desde então, tem lutado contra uma coligação pró-governo liderada pelo poderoso vizinho Arábia Saudita desde 2015, um conflito que deixou centenas de milhares de mortos e milhões à beira da fome.