Venezuela

Exxon vai perfurar poços em frente à costa de área disputada por Venezuela e Guiana

A intenção é desenvolver poços "independentes" nessa região onde não existe infraestrutura, indicou Routledge ao agradecer a diminuição das tensões entre os dois países

Bandeira da Venezuela - Reprodução/Internet

A gigante americana ExxonMobil planeja perfurar durante este ano dois poços em frente ao litoral do Essequibo, a região rica em petróleo e recursos naturais que a Venezuela disputa com a Guiana, anunciou o presidente da companhia no país, Alistair Routledge, nesta terça-feira (6).

"Planejamos perfurar dois poços exploratórios ao oeste de Liza e Payara. O Pez Trompeta e a Polilla Roja estão planejados mais para o centro do Bloco Stabroek ao longo deste ano", disse Routledge em uma coletiva de imprensa.

O anúncio acontece após a diminuição das tensões entre a Guiana e Venezuela, exacerbadas no final do ano passado depois que Georgetown abriu uma licitação de poços petrolíferos na região.

A intenção é desenvolver poços "independentes" nessa região onde não existe infraestrutura, indicou Routledge ao agradecer a diminuição das tensões entre os dois países.

Ele reconheceu, contudo, que a crise pela disputa havia "colocado muita gente nervosa", mas acrescentou que a Exxon "tem a tranquilidade" de que o contrato com a Guiana "é válido sob a lei local" e o "direito internacional".

"Temos direitos válidos sobre os blocos dos quais estamos participando", disse Routledge.

A Venezuela havia interceptado dois navios de exploração sísmica, contratados pela Exxon em 2018 em frente à região do Essequibo.

O litígio centenário que os dois países mantêm pela região do Essequibo recrudesceu em 2015 após a descoberta de reservas petrolíferas na região pela Exxon.

As tensões se acentuaram após a celebração de um referendo sobre a soberania do Essequibo em 3 de dezembro na Venezuela, que impulsionou a criação de um estado nesse território, e depois com a chegada de um navio de guerra britânico a águas guianesas, ao qual a Venezuela respondeu mobilizando mais de 5.600 homens em exercícios militares perto do limite em disputa.

A crise despertou o temor de um conflito armado na região que levou a Comunidade do Caribe (Caricom) e o Brasil a realizar um encontro entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e Guiana, Irfaan Ali, em São Vicente e Granadinas.

Os mandatários se comprometeram a não fazer uso da força.

A Venezuela também pediu à Guiana que rejeite a "interferência" de terceiros na disputa territorial, e rechaçou a posição dos Estados Unidos e Reino Unido em apoio à Guiana.

"A colaboração que estamos vendo com a Guiana de outros países na frente militar, assim como na frente diplomática e econômica (...) acredito que é algo saudável (...) e espero que continuem", disse Routledge.