Atriz francesa registra acusação de estupro contra diretor Benoit Jacquot
Os dois se conheceram durante a gravação de um filme em 1986, quando ela tinha 14 anos e ele 39
A atriz francesa Judith Godrèche apresentou queixa contra o diretor de cinema Benoit Jacquot, 25 anos mais velho que ela. A artista o acusa de estuprá-la quando ela era adolescente, afirmou sua advogada, nesta quarta-feira (7).
Na terça-feira, a atriz de 51 anos apresentou queixa formal à Brigada de Proteção Juvenil (BPM) por suspeita de estupro de uma menor por uma pessoa em posição de autoridade, disse à AFP a advogada Laure Heinich. Nas redes sociais em janeiro, Judith acusou Jacquot, agora com 77 anos, de manipulá-la para que começassem um relacionamento, enquanto ela era "menor de idade e vulnerável", dizendo que as artes fornecem cobertura para abusos.
O anúncio ocorre num momento em que o cinema francês sofre com as alegações de que o mundo das artes tem ignorado o sexismo e o abuso sexual durante décadas. O diário francês Le Monde, que primeiro publicou a história da queixa formal, disse que Jacquot nega "firmemente" as acusações. Jacquot recusou-se a falar com a AFP.
Diferença de 15 anos
A relação entre os dois começou na primavera de 1986, quando Godrèche tinha apenas 14 anos, e terminou no início dos anos 1990. Godrèche disse que permaneceu "sob seu controle" por seis anos, estrelando dois filmes que ele dirigiu, "Les Mendiants" ("Os Mendigos") em 1988 e "La Desenchantee" ("Os Desencantados") em 1990.
Ela decidiu se manifestar ao descobrí-lo se gabando de que o relacionamento deles era uma “transgressão”, e o cinema dando uma “cobertura” para isso, em um documentário de 2011. A atriz afirmou, ao canal de televisão TMC, que vomitou ao vê-lo desfrutar de tal “impunidade”.
"O consentimento não existe quando você tem 14 anos" disse ela. "Não fui seduzida, fui completamente manipulada".
Jacquot, um diretor com mais de 50 direções para o cinema e TV, disse que precisa estar “apaixonado” por suas atrizes para filmá-las. Em 2015, ele descreveu seu trabalho como “empurrar uma atriz para ultrapassar um limite", considerando que "a melhor maneira de fazer tudo isso é estar na mesma cama."
Ele trabalhou com nomes consagrados como Catherine Deneuve e Isabelle Huppert, Virginie Ledoyen — conhecida pelo thriller de 2000, "A Praia" — e Isild Le Besco quando era adolescente.