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Mercadante: BNDES precisa dobrar participação no PIB do Brasil e voltar a ser o que era na era FHC

Presidente do BNDES disse que meta é elevar a 2% a participação do banco na economia brasileira

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, defende que banco 'volte a ser o que era no 1º governo FHC' - Lula Marques/Agência Brasil

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse nesta quarta-feira que tem a meta de dobrar a participação que o banco público tem no PIB brasileiro, mas que fará isso com "pé no chão". Em participação em evento do BTG Pactual, em São Paulo, ele voltou a rebater críticas ao programa de reindustrialização apresentado pelo governo, disse que o país precisa superar o "trauma" sobre o passado do BNDES e elogiou pela segunda vez o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Ao ser questionado sobre a possibilidade do programa Nova Indústria Brasil ultrapassar os R$ 300 bilhões anunciados para financiamento para indústria - R$ 250 bilhões que virão do BNDES - o presidente do BNDES disse que espera aumentar a participação do banco público na economia brasileira de 1% para 2%, e levar ao banco ao patamar que tinha no primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

— Queremos que o BNDES volte a ser o banco que era no primeiro governo FHC, que era 2% do PIB. Hoje está em 1%. Precisa dobrar. Mas dobrar com pé no chão, com instrumento de mercado, em parceria com o mercado de capitais e o setor privado, com recursos privados para trazer para o setor público — afirmou Mercadante.

Elogio a Campos Neto e superação do "trauma"
A uma plateia de investidores e banqueiros, Aloizio defendeu que o BNDES não voltará a repetir erros do passado e que o país precisa elaborar o "trauma" em relação ao banco.

— Esse BNDES de antes, que era em um momento excepcional, que tínhamos a crise de 2008, não vai voltar. Estamos falando do BNDES do futuro. E toda hora que criticam o BNDES não falam do BNDES nem de agora, nem do de amanhã, mas falam do BNDES do passado.

Um dos nomes mais vocais do governo em críticas contra a atuação do Banco Central, Mercadante também elogiou pela segunda vez Roberto Campos Neto, presidente do BC. No início da semana, ele reconheceu o trabalho do BC na liderança de crédito para cooperativas. Dessa vez, o presidente citou a declaração de Campos Neto, também em evento do BTG, sobre expectativa de crescimento do PIB:

— Fiquei feliz de ver o Roberto Campos vir aqui dizer que achava que o crescimento não seria inferior a 2%. Muito positivo. Essa é a segunda vez que elogio o Banco Central — disse Mercadante.

Nesta terça-feira, Campos Neto afirmou, no evento do BTG, que a economia cresceria mais de 2% neste ano, acima da estimativa oficial da autoridade monetária, de 1,7%.

O presidente do BNDES também defendeu a política de incentivo à indústria naval. Na semana passada, ele prometeu liberar R$ 2 bilhões para apoio do banco ao setor. Nesta quarta-feira, ele citou o foco em projetos de descarbonização do setor.