investigação

Quem é Tércio Arnaud, alvo da PF que estava na casa de Bolsonaro no momento da operação

Por conda da determinação de Alexandre de Moraes que impede o contato entre os investigados, o ex-assessor presidencial precisou deixar o local e retornou para Brasília

Tércio Arnaud e Bolsonaro - Reprodução/DFRLab

Entre os 33 alvos da operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (8) pela Polícia Federal para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, está Tercio Arnaud Tomaz, ex- assessor presidencial da Presidência.

Próximo a Jair Bolsonaro, ele estava com o ex-mandatário da República na residência de veraneio da família em Mambucaba, distrito de Angra dos Reis, no momento que os policiais chegaram para cumprir a decisão judicial. Por conda da determinação de Alexandre de Moraes que impede o contato entre os investigados, o ex-assessor presidencial precisou deixar o local e retornou para Brasília.

Durante o governo Bolsonaro, Tércio era assessor especial da Presidência da República, com salário bruto de R$ 13.623,39, e chegou a ser apontado como o líder do chamado "gabinete do ódio", termo para designar um grupo dentro do Palácio do Planalto que supostamente dissemina mensagens difamatórias contra adversários do ex-presidente.

Antes de trabalhar com as redes da família Bolsonaro, Tercio trabalhava como recepcionista em um hotel. Ele é formado em biomedicina por uma faculdade de Campina Grande. Em 2017, entre abril e dezembro, trabalhou oficialmente com Jair Bolsonaro em seu gabinete na Câmara dos Deputados, recebendo R$ 2,1 mil mensais.

Depois, em dezembro de 2017, foi nomeado para o gabinete de Carlos Bolsonaro na Câmara dos Vereadores do Rio, com salário de R$ 3,6 mil. Apesar de ser empregado no legislativo carioca, Tercio continuou próximo a Bolsonaro.

Tercio frequentava a residência do empresário Paulo Marinho, que serviu de comitê para a campanha de Bolsonaro em 2018, segundo depoimento do próprio empresário à CPI. "O Tercio era uma pessoa que acompanhava ora o Capitão Bolsonaro, ora acompanhava o Flávio Bolsonaro", afirmou Marinho.

Quando Bolsonaro deu sua primeira coletiva como presidente eleito, em 1 de novembro de 2018, foi Tercio, como assessor da campanha do então candidato, quem fez o credenciamento de jornalistas que excluiu jornais como o Estado de S. Paulo, a Folha de S.Paulo, O Globo e outros veículos, segundo reportagem do Estado. "Por mensagens pelo WhatsApp, Tercio respondeu aos jornalistas dos veículos barrados que eles não poderiam entrar 'por questões de espaço'", registrou o jornal.

Em julho de 2020, quando já era assessor especial da Presidência, ele foi apontado pela rede social Facebook como um dos administradores de contas falsas usadas para proferir ataques a opositores de Bolsonaro .

O relatório, à época, afirmava que apoiadores próximos à família Bolsonaro criavam personagens fictícios, como se fossem repórteres ou pessoas comuns, para tecer críticas on-line e escapar de punições. O Planalto sempre negou que existisse um grupo do tipo na estrutura institucional da Presidência.