Cid diz que Bolsonaro vinha recebendo ''várias pressões'' do agro para ''medida mais pesada''
Conversas foram reveladas durante operação da Polícia Federal
Nas conversas de Mauro Cid reveladas pela Polícia Federal na operação que mira na apuração de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) relata que o ex-presidente vinha recebendo várias pressões do setor ligado ao agronegócio para "tomar medidas mais pesadas".
Em uma mensagem de áudio encaminhada por Cid ao general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, no dia 9 de dezembro de 2022, o ex-ajudante afirma que Bolsonaro estava sendo "pressionado" para medidas mais pesadas "utilizando as forças".
"O presidente vem sendo pressionado aí por vários atores a tomar uma medida mais radical né mas ele ainda tá naquela linha do que foi discutido que foi conversado com os comandantes e com o ministro da defesa", diz a parte inicial da fala de Cid.
Ainda segundo Cid, "ele (Bolsonaro) entende as consequências do que pode acontecer e hoje ele mexeu naquele decreto né ele reduziu bastante fez algo muito mais direto o objetivo e curto e limitado né e acho que a ideia de falar com General Theopihilo é conversar como ele ele tá muito preso no Alvorada então é uma maneira dele desabafar e falar um pouco o que ele tá pensando".
Na decisão que autorizou a operação desta quinta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), diz que as mensagens encaminhadas por Cid a Freire Gomes "sinalizam que o então presidente Jair Bolsonaro estava redigindo e ajustando o Decreto e já buscando o respaldo do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira", "tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento".