NEGÓCIOS

Disney, Fox e Warner juntas: o que esperar da superplataforma de ''streaming'' para esportes ao vivo

Novo serviço, que será lançado no outono do Hemisfério Norte, vai apresentar jogos das principais ligas dos EUA, como a NBA e a NFL

Serviço de streaming - Andres Ayrton / Pexels

Disney, Fox e Warner Bros. Discovery anunciaram uma parceria para criar uma superplataforma de streaming, que vai apresentar os jogos das principais ligas esportivas dos Estados Unidos, além de torneios universitários. O objetivo é conquistar os espectadores que abandonaram os canais a cabo.

O serviço vai oferecer aos assinantes todos os canais dessas empresas que transmitem jogos, como ESPN, TNT e FS1, e ainda ABC e Fox. Ou seja, os assinantes ainda poderão ver programas como “Os Simpsons” e “The Bachelor”. Serão, no total, 14 canais, além do serviço de streaming da ESPN, o ESPN+.

O nome da plataforma, o valor da assinatura e os executivos que ficarão à frente dela ainda serão definidos. A ideia é lançar o serviço no outono do Hemisfério Norte, que começa em setembro.

Os fãs de esportes encontrarão na plataforma jogos e torneios das principais ligas. Além dos jogos da National Football League (NFL, de futebol americano) e da National Basketball Association (NBA), o serviço terá ainda disputas da Major League Baseball, da National Hockey League, da PGA Tour (de golfe), do Grand Slam (tênis), de futebol profissional, dos principais torneios universitários e do Campeonato de Ultimate Fighting - um segmento no qual a Netflix entrou no mês passado.

Esportes e eventos ao vivo, como premiações, há muito são vistos como o principal fator de retenção nos serviços de TV a cabo. Rich Greenfield, analista de mídia da consultoria LightShed Partners, considera que o novo serviço vai agradar espectadores de esportes irritados em ter de pagar por canais tradicionais que não os interessam.

Mas ele ressalta que a ausência de algumas empresas, como a Paramount, significa que o acesso a eventos esportivos ao vivo não estará completo:

-- É um passo na direção certa. A pergunta é: é o suficiente?

Esse pacote de canais é, de certa forma, uma evolução. As empresas já vendem seus canais a distribuidoras a cabo tradicionais, como a Comcast, e a digitais, como a YouTube TV. O novo serviço é mais um distribuidor, ainda que seja de propriedade das próprias emissoras.

Isso também vai representar uma vantagem na negociação dos direitos de transmissão. Os contratos com as ligas esportivas determinam onde os jogos podem ser exibidos, e muitas ligas têm se mostrado reticentes em abandonar de vez os canais abertos e a cabo em favor do streaming.

Mas o fato de a nova plataforma ser estruturada de forma em que tudo nos canais — conteúdo esportivo e não esportivo — esteja disponível para os assinantes significa que as empresas não precisarão obter novas permissões para transmitir os jogos.

Sociedade em três partes iguais
O serviço, que contará com publicidade, será separado dos outros streamings das empresas. Os assinantes poderão fazer pacotes com as plataformas já existentes, como ESPN+, da Disney, e Max, da Warner Bros. Discovery.

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Disney, Fox e Warner Bros. Discovery terão, cada uma, um terço do novo serviço e representação igual no Conselho de Administração. Elas vão licenciar seu conteúdo esportivo para a joint venture sem exclusividade, ou seja, poderão exibir os jogos em seus canais normais.

-- A combinação do maior número possível de direitos esportivos em uma única plataforma poderia ajudar a persuadir os fãs de esportes a adotar esse serviço -- disse Brian Wieser, analista de mídia da Madison & Wall LLC, em uma nota. -- Isso também aceleraria o ritmo de declínio da TV paga tradicional, porque haveria muito pouco que seria exclusivo desses serviços tradicionais.

Preço abaixo da TV por assinatura
O novo serviço terá um preço abaixo de algumas alternativas de TV a cabo, como o YouTube TV, que começa em cerca de US$ 73 (R$ 362) por mês, e acima das ofertas de streaming autônomo, disse um executivo, que pediu para não ser identificado.

O serviço ESPN+, da Disney, que transmite grande parte, mas não toda a programação esportiva da empresa, custa US$ 11 (R$ 54) por mês. David Faber, da CNBC, especulou que o novo pacote teria um preço na faixa de US$ 40 (R$ 198).

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A Disney ainda planeja lançar uma versão de streaming de seu principal canal, a ESPN, em cerca de um ano. Ela terá recursos interativos, incluindo apostas esportivas e a possibilidade de conversar com outros fãs, e terá um preço abaixo da nova oferta de esportes.

"Isso coloca esses caras em conflito com muitos de seus distribuidores. Mas isso tem que ser feito", afirmou Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson Research, na Bloomberg TV.

Os direitos esportivos incluídos já custaram às empresas cerca de US$ 16 bilhões (cerca de R$ 79 bilhões), de acordo com analistas da Sanford C. Bernstein.

A combinação de recursos faz "muito sentido", segundo Bernard Gershon, consultor do setor de mídia. Ela distribui o custo dos direitos esportivos, bem como as despesas de construção de um novo negócio de streaming, e dá às empresas mais força para competir pelos direitos de programação contra a Amazon, a Apple e o YouTube, da Alphabet.

A Fox não tem um serviço de streaming baseado em assinatura para seu conteúdo esportivo, e o Max, da Warner Bros. é menor do que os rivais Disney+ e Netflix.