Polêmica

Messi é criticado na China por jogar no Japão dias após ficar no banco em Hong Kong

Capitão da seleção campeã mundial foi vaiado domingo após não entrar em campo

Lionel Messi não jogou em amistoso em Hong Kong - Peter PARKS / AFP

A ausência de Lionel Messi em um amistoso em Hong Kong e a sua participação três dias depois em outro no Japão agravaram a indignação dos chineses e dos meios de comunicação local, que acusam o craque argentino de "manobrar contra Pequim". O capitão da seleção campeã mundial foi vaiado no domingo em Hong Kong, após não entrar em campo na partida de pré-temporada do Inter Miami, alegando lesão.

Os torcedores, que pagaram até US$ 500 (R$ 2.496), exigiram o reembolso de seus ingressos. Apenas três dias depois, o jogador disputaria meia hora de um amistoso no Japão, inflamando ainda mais os torcedores chineses, que se sentiram lesados. Na sexta-feira, a Tatler Asia, organizadora do evento, disse estar “profundamente triste” e prometeu a quem comprasse os ingressos um reembolso de 50%.

“O jogo de Hong Kong foi o único dos seis amistosos de pré-temporada de Messi em que ele esteve ausente”, destacou o influente tabloide nacionalista Global Times em um editorial, que questiona “a integridade do Inter Miami e de Messi”. “Messi e Inter Miami não podem deixar as coisas assim, desprezando a torcida e a opinião pública. Messi não é apenas um jogador, mas também uma figura pública”, afirma.

“Se houver erros ou violações de sua integridade, a atenção em torno dele causará uma enorme reação adversa”, afirma o tabloide.

A matéria lembra que a seleção argentina tem duas partidas marcadas na China em março, menos de um ano depois de uma visita da albiceleste a Pequim na qual foram fechados importantes contratos publicitários.

“Espera-se que [Messi] dê uma explicação razoável antes disso”, disse o Global Times.

No seu editorial, o jornal chega ao ponto de sugerir que "sinistras forças estrangeiras" conspiraram para prejudicar a reputação desta cidade chinesa semiautônoma.

"Desprezo calculado"

O governo semiautônomo de Hong Kong buscou explicações dos organizadores do jogo, que renunciaram ao financiamento público para o evento e disseram ter recebido repetidas garantias da participação de Messi.

O jogador rosário afirmou que a sua ausência em Hong Kong foi um “azar” e que espera poder regressar à cidade. Mas uma conselheira sênior do governo local, Regina Ip, respondeu que Messi “nunca deveria poder retornar”.

“A população de Hong Kong odeia Messi, o Inter Miami e a mão negra por trás deles pelo desprezo deliberado e calculado por Hong Kong”, afirmou na rede social X. “Suas mentiras e hipocrisia são nojentas”, acrescentou.

Na China continental, de onde muitos torcedores viajaram para o jogo de Hong Kong, Messi foi tendência durante toda a semana na rede social Weibo. Uma postagem na conta do jogador de futebol em que ele se arrependia de não ter podido jogar recebeu como resposta uma série de comentários sarcásticos e memes.

Alguns mostraram Messi vestindo roupas de soldados imperiais do Japão, em referência à participação do astro na partida de Tóquio.

“Messi é muito hostil e arrogante, o que é realmente irritante”, disse um usuário.

A questão é delicada: a atriz de Hong Kong Samantha Ko Hoi-ling teve que pedir desculpas na plataforma depois de declarar à mídia local que entendia a ausência de Messi em Hong Kong. Hu Xijin, um proeminente editorialista nacionalista, apelou aos internautas para expressarem críticas "contidas" para não elevar o seu estatuto.

“Nem mesmo que uma manifestação preguiçosa sua pudesse afetar a nossa grande nação e ferir os sentimentos de toda a nossa sociedade”, afirmou.