Jovens atletas pernambucanas criam vaquinha online para disputar Sul-Americano de Jiu Jitsu
Competição para crianças acontece no dia nove de março, no Rio de Janeiro
Foi de dentro de um garagem, no bairro de Jardim Brasil I, em Olinda, que saiu duas das mais promissoras atletas de jiu-jitsu de Pernambuco. Helena Regadas,7, e Valentina Alves, 8, já possuem uma extensa galeria de conquistas na modalidade mesmo sendo tão novas e impressionam pela dedicação que possuem.
As meninas têm um apetite enorme por disputar competições e já miram o Sul-Americano, que será disputado entre os dias 9 e 10 de março, no Rio de Janeiro. Para cobrir com as despesas e as taxas de inscrição, Helena e Valentina contam com a ajuda dos responsáveis para bolar rifas, vaquinhas e vendas de lanches.
"Toda competição que elas participam são pagas, tanto em Pernambuco ou em outro estados, então temos um gasto muito grande com o pagamento das inscrições, transportes e às vezes dependendo do local a gente precisa de hospedagem e alimentação. Também tem a cobertura de filmagem e fotos, para ter algo mais profissional mesmo para a divulgação delas", começou Emilayne Regadas, mãe de Helena.
"É uma despesa bem alta, então a gente sempre vende lanche nos campeonatos e como elas estão querendo ir ao Rio de Janeiro em março, no dia 9, competir o Sul-Americano, a gente está correndo atrás. Já fizemos rifa, vaquinha no Instagram, a gente está pedindo ajuda de qualquer valor", completou.
Potencial que salta aos olhos
A pequenas atletas começaram no jiu-jitsu aos cinco anos de idade. Em três anos de dedicação, conquistaram diversas vitórias, refletidas em 22 títulos para Valentina e 23 para Helena. Para Alexssander Leão, treinador da Academia The Bushi Team, o talento delas saltou aos olhos ainda nos primeiros treinos. “A partir do momento em que comecei a dar aulas para elas, percebi que tinha algo diferente, uma agressividade e só faltava uma orientação mesmo. Quando eu falei com os responsáveis para levar para competições, eles abraçaram a ideia, foram se destacando, ganhando vários torneios, fora ter disputado competições de expressão, em São Paulo e no Rio de Janeiro”, comentou.
Para o mestre das garotas, o fato de receberem o apoio dos pais durante essa trajetória vem sendo algo fundamental para o desenvolvimento delas. "O engajamento dos pais é de suma importância para o desenvolvimento dessas crianças no mundo das competições. Se os responsáveis não levam muito a sério, acaba que a criança vai se desmotivando, não corre atrás de uma inscrição e dessa forma a gente vai perdendo vários talentos. O engajamento dos pais é muito importante, tanto na escola, quanto no esporte", disse.
Esporte como aliado
Mais do que uma atividade esportiva, o jiu-jitsu é um espaço seguro para as garotas. É um suporte que as ajuda a vencer as dificuldades do dia a dia, além de um aliado para a saúde mental delas. Helena, diagnosticada com TDH, e Valentina, enfrentando ansiedade, possuem acompanhamento de uma neuropsicóloga. Para quem acompanha as duas de perto, conseguem perceber uma melhora na concentração, elaboração de estratégias, disciplina e controle emocional.
“O diagnóstico de TDH foi recente, ela recebeu no ano passado, porém quando a gente recebeu a análise, a neuropsicóloga informou que se não fosse o esporte na vida dela, ela estaria muito atrasada no desenvolvimento. Então, mesmo sem saber do transtorno, a gente tem consciência que o esporte ajudou muito na reabilitação dela", relataram Fred e Emilayne Regadas, pais de Helena.
“Desde a separação dos pais, ela ficou muito ansiosa, desenvolveu TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Levamos ao psicólogo e até hoje tem o acompanhamento. Hoje ela abre mão de qualquer coisa, de ir ao shopping ou qualquer outro tipo de diversão, e diz que o lazer dela é lutar. Os sintomas melhoraram graças a Deus. O jiu-jitsu ajudou ela a ter mais equilíbrio", disse Jaqueline Alves, avó de Valentina.