Para 46,5% dos brasileiros, Bolsonaro planejou dar um golpe; 36,8% acham que não, diz atlas
Pesquisa mostra que 42% acreditam que o ex-presidente deveria ser preso
O documento encontrado pela Polícia Federal no escritório de Jair Bolsonaro no prédio do PL e que previa a declaração de estado de sítio no Brasil após o segundo turno das eleições comprova que o ex-presidente planejou dar um golpe de Estado. É o que acreditam 46,5% dos entrevistados pelo instituto Atlas Intel em pesquisa realizada entre a quinta-feira, 8, e esta sexta-feira, 9. Outros 36,8% afirmam que Bolsonaro não planejou o golpe, e 16,6% não souberam responder. Foram 1.615 entrevistas feitas pela internet. A margem de erro é 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança 95%.
Apesar disso, o cenário muda e a população se divide quando a pergunta é direcionada sobre a responsabilização do presidente: 42% acreditam que Bolsonaro deveria ser preso, contra 41% que não. Os indecisos são 17%. A divisão se repete quando a pergunta é se Bolsonaro está sendo perseguido injustamente pelas investigações. Novamente, há empate técnico, já que 42,2% dizem que sim e 40,5%, que não.
Quase metade dos entrevistados, 47,3%, avaliam que o Brasil está sob uma ditadura do Poder Judiciário e a grande parte, 38,2%, consideram que Bolsonaro será preso ainda este ano, enquanto 36,4% declararam não saber e 25,5% que não haverá prisão em 2024 A pergunta não entra no mérito se ele é ou não culpado.
Ao mesmo tempo, 46,9% acreditam que a declaração do estado de sítio, seguida da destituição dos poderes do Supremo Tribunal Federal (STF) e a convocação de novas eleições após o segundo turno vencido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria golpe de estado. Neste caso, 32,8% avaliam que essas ações não representam ruptura democrática e 20,3% disseram não saber.
Caso Bolsonaro tivesse ido adiante e declarado estado de sítio, 41,1% disseram que não teriam apoiado a medida, contra 36,3% que concordariam com a atitude do ex-presidente.
O documento encontrado pela PF é um suposto pronunciamento que Bolsonaro iria fazer à nação, em rede nacional, detalhando os motivos e argumentos para a decretação do estado de sítio e uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em uma operação executada pelos militares.
A defesa do ex-presidente afirma que o documento estava no gabinete de Bolsonaro no PL porque ele pediu aos advogados para imprimirem o texto que, originalmente, havia sido achado no celular do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, após busca e apreensão no ano passado.
"Trata-se, portanto, de documento que já integrava a investigação há tempos e cujo acesso foi dado ao ex-presidente por seu advogado, vez que, repita-se desconhecia, até então, sua existência e conteúdo", disse a defesa do ex-presidente em nota à imprensa.
A maior parcela dos entrevistados, 39,1% consideram que o ex-presidente teria conseguido se manter no poder e seria o atual presidente do Brasil caso tivesse declarado o estado de sítio conforme previsto no documento. Já 31,9% não souberam avaliar e 29% disseram que a tentativa falharia.
Por fim, a maioria (51,1%) diz que não é apoiadora ou simpatizante de Bolsonaro. No sentido oposto, 39,6% se declaram bolsonaristas atualmente.